A Polícia Civil de Joinville confirmou que os assassinatos de Maria Rafaela Pereira, de 23 anos, e Natan Luchini Neves, de 28, estão diretamente relacionados à morte do motorista de aplicativo Edson Nazário, de 56 anos. O casal, apontado como responsável pelo latrocínio, foi mantido em cativeiro e submetido a torturas antes de ser executado por uma facção criminosa da cidade. Os corpos foram encontrados em um mangue no bairro Comasa, enterrados em uma área de difícil acesso, e apresentavam sinais claros de violência extrema.
O caso teve início com o desaparecimento de Edson, em 15 de outubro. Ele foi localizado cinco dias depois, no dia 20, com pés e mãos amarrados, uma meia introduzida na boca e marcas de estrangulamento. O delegado Murillo Batalha confirmou que o crime foi caracterizado como latrocínio, pois houve subtração de dinheiro, celular e chaves do veículo da vítima, além de movimentações financeiras realizadas na conta do motorista após sua morte. As investigações revelaram que o casal responsável pelo crime fugiu com o carro e tentou usá-lo para adquirir drogas.
Segundo a Polícia Civil, Maria Rafaela e Natan passaram a noite anterior ao crime na região do Aventureiro, consumindo bebidas alcoólicas e entorpecentes. Por volta das quatro da manhã, subiram uma trilha, onde permaneceram até o encontro com Edson, que havia subido o local para realizar orações. O casal, sob o efeito das drogas, decidiu assaltá-lo. Mesmo sem que Edson oferecesse resistência, ele foi amarrado, imobilizado com um mata-leão e acabou morto. Após o crime, os dois roubaram o carro e os pertences do motorista e fugiram para um motel.
No motel, permaneceram até o meio-dia e, em seguida, começaram a trocar os objetos roubados por drogas em diferentes pontos da zona sul de Joinville. Essa movimentação chamou atenção de criminosos locais, ligados a uma facção, que desconfiaram da origem do carro. Quando descobriram que o veículo pertencia ao motorista assassinado, o grupo decidiu punir o casal. A facção iniciou uma caçada, localizando Maria Rafaela e Natan no bairro Iririú, na noite de terça-feira, 21 de outubro.
Os dois foram sequestrados e levados a um cativeiro no bairro Comasa, onde sofreram intensas sessões de tortura física e psicológica. Relatos apontam que ambos foram amarrados, sofreram cortes profundos e permaneceram em sofrimento por horas. Nenhum dos dois foi morto por disparos de arma de fogo, segundo a perícia. As causas exatas da morte ainda estão sendo analisadas, mas os indícios apontam para violência brutal. Os corpos foram encontrados no dia 24, enterrados em um mangue a 300 metros do local do cativeiro.
A polícia conseguiu reconstruir toda a sequência dos crimes por meio de imagens de câmeras de segurança, rastreamento do veículo e depoimentos de testemunhas. O delegado explicou que o trabalho conjunto entre as delegacias de Repressão a Roubos e de Homicídios, além da Polícia Militar e da perícia técnica, foi essencial para elucidar o caso. O veículo de Edson foi rastreado em diversos locais da cidade, o que ajudou a identificar as rotas e os envolvidos.
O perfil do casal apontava para um histórico criminal de furtos, roubos e envolvimento com o tráfico de drogas. Apesar disso, Maria Rafaela e Natan não pertenciam à facção responsável pela execução. O delegado destacou que os dois mantinham um relacionamento de convivência com membros do grupo criminoso, mas acabaram sendo punidos com a morte por terem cometido um crime que trouxe atenção policial à região e ao tráfico local. O casal foi considerado “queimado” pela facção após a repercussão do latrocínio.
Com a confirmação das mortes e o esclarecimento do vínculo entre os casos, a investigação agora se volta à identificação dos autores diretos das torturas e execuções. A Polícia Civil já tem suspeitos e trabalha para reunir provas que levem à prisão dos mandantes. A Delegacia de Homicídios de Joinville continua conduzindo diligências e análises periciais, buscando determinar todas as circunstâncias da morte do casal e a participação de cada envolvido no cativeiro.
A repercussão do caso abalou a cidade de Joinville, conhecida por altos índices de criminalidade ligados a disputas entre facções. A sequência de crimes — do latrocínio ao duplo homicídio — expôs a crueldade e o poder paralelo exercido por organizações criminosas na região. O delegado reforçou que, apesar das prisões recentes e das operações em curso, a facção envolvida ainda mantém influência em comunidades da zona leste, o que dificulta o controle da violência.
A investigação continua em andamento, e novas prisões devem ocorrer nos próximos dias. A polícia busca não apenas punir os executores, mas também desarticular a estrutura da facção que ordenou o crime. O caso de Edson Nazário e do casal Maria Rafaela e Natan evidencia um ciclo de violência que envolve drogas, marginalidade e vingança, revelando o quanto o crime organizado ainda dita regras cruéis em parte de Joinville.





















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