O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou, pela primeira vez, sobre a megaoperação policial que tomou conta do Rio de Janeiro nos últimos dias e que deixou o país em choque. A ação, que mirou o Comando Vermelho, terminou com mais de 100 mortos e reacendeu o debate sobre os limites da força policial e o papel do Estado no enfrentamento ao crime organizado.
Em um pronunciamento divulgado na noite de quarta-feira (29), Lula adotou um tom firme, mas ponderado. “Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando violência pelas cidades”, afirmou. O presidente destacou que é preciso enfrentar as facções, mas sem colocar em risco a vida de civis nem dos próprios agentes.
Logo pela manhã, antes mesmo da declaração pública, Lula reuniu parte do alto escalão do governo. Entre os presentes, estavam o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o diretor-geral da Polícia Federal, que receberam ordem direta para embarcar rumo ao Rio de Janeiro e se encontrar com o governador Cláudio Castro. A missão: traçar um plano conjunto que vá além de operações pontuais — uma estratégia duradoura e integrada para combater o tráfico de drogas e o poder das facções.
O presidente citou como exemplo a operação federal de agosto, considerada a maior já realizada no país contra o crime organizado. Segundo ele, aquela experiência deve servir de modelo para o que vem pela frente. “Precisamos atingir a espinha dorsal do tráfico, o dinheiro e o poder que o sustentam”, disse.
Além disso, Lula voltou a mencionar a PEC da Segurança, que foi enviada recentemente ao Congresso Nacional. O texto propõe a unificação de esforços entre as polícias civil, militar e federal, algo que especialistas em segurança pública cobram há anos. O objetivo é acabar com a falta de comunicação entre as forças, que muitas vezes resulta em operações descoordenadas e tragédias, como a que o Rio testemunhou nesta semana.
O pronunciamento ocorreu logo após o retorno de Lula ao Brasil, depois de uma viagem oficial pela Ásia. Enquanto o presidente ainda estava em deslocamento, os confrontos já haviam começado nos complexos da Penha e do Alemão, zonas dominadas pelo Comando Vermelho. Assim que pisou em solo brasileiro, Lula determinou a criação de um escritório emergencial de integração entre o governo federal e o estado do Rio.
O anúncio foi feito na mesma noite por Lewandowski e Cláudio Castro. O novo núcleo terá sede no Rio e servirá como uma espécie de “quartel-general” da cooperação entre as forças. De acordo com informações da Veja, o foco será coordenar ações de inteligência, monitoramento de lideranças criminosas e planejamento operacional. A ideia é que as próximas operações sejam mais estratégicas, evitando a repetição de cenas de guerra urbana que chocaram o país.
Nos bastidores, interlocutores do Planalto afirmam que Lula quer mostrar que o governo federal não vai se omitir diante do avanço das facções, mas que também não permitirá ações sem controle. “A população quer segurança, não mais mortes”, teria dito o presidente a um aliado próximo.
O desafio, no entanto, é enorme. O Rio de Janeiro é um dos estados onde o poder paralelo mais se fortaleceu nos últimos anos. A aposta do governo é que, com integração e inteligência, o Estado volte a ocupar o espaço que perdeu para o crime — e que, enfim, a paz volte a ser uma possibilidade real nas comunidades.





















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