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Atitude de Moraes chama atenção sobre pedido de Nikolas em relação a Bolsonaro

2 dias atrás

Há mais de dois meses, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes mantém em sua mesa um pedido do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) para visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar em Brasília. A solicitação, feita oficialmente pela defesa de Bolsonaro em 19 de agosto, permanece sem despacho até o momento — o que tem gerado especulações e críticas entre aliados do ex-presidente e apoiadores do parlamentar mineiro.

O caso tem ganhado destaque não apenas pelo silêncio de Moraes, mas também pelo simbolismo da visita. Nikolas Ferreira é um dos nomes mais influentes da nova geração conservadora no Congresso e uma das vozes mais leais a Bolsonaro. Para muitos analistas, a demora do ministro em responder o pedido é vista como mais um capítulo na tensa relação entre o STF e o campo político que orbitou o bolsonarismo nos últimos anos.

Antes disso, em 11 de agosto, os advogados de Nikolas já haviam tentado um caminho próprio, protocolando diretamente ao Supremo um pedido de visita. A resposta de Moraes veio de forma rápida: em 12 de agosto, ele rejeitou todos os pedidos “avulsos” de visita ao ex-presidente, determinando que apenas a defesa de Bolsonaro poderia formalizar solicitações desse tipo. Uma semana depois, a equipe jurídica do ex-presidente seguiu a orientação e fez o pedido em nome de Nikolas — mas, desde então, o documento permanece sem análise.

Fontes próximas à defesa de Bolsonaro afirmam que o silêncio de Moraes tem causado desconforto. Segundo pessoas próximas ao caso, o deputado mineiro desejava prestar solidariedade e discutir assuntos políticos e jurídicos com o ex-presidente. Entretanto, a falta de decisão impede até mesmo uma conversa breve. “Não há justificativa legal para tamanha demora. O pedido é simples, e a Constituição garante o direito de visitas em casos como esse”, disse um advogado ligado ao PL, sob condição de anonimato.

Enquanto isso, Moraes tem despachado normalmente outros pedidos relacionados à prisão domiciliar de Bolsonaro — o que reforça o sentimento de seletividade entre os aliados do ex-presidente. Nos bastidores, parlamentares do PL e de partidos da base conservadora afirmam que a demora seria uma “estratégia de isolamento político”, mantendo Bolsonaro afastado de lideranças que poderiam fortalecer sua influência fora do poder. “Estão tentando silenciar o ex-presidente até no contato pessoal”, declarou um deputado bolsonarista à reportagem.

Do outro lado, juristas ouvidos por veículos de imprensa afirmam que Moraes está dentro de sua prerrogativa e que não há prazo legal para responder a esse tipo de solicitação. Segundo eles, o ministro pode estar analisando o contexto político e de segurança, especialmente diante do histórico de manifestações e tensões envolvendo apoiadores de Bolsonaro. “O STF precisa zelar pela estabilidade institucional. Uma simples visita pode ter desdobramentos políticos relevantes”, avaliou um professor de Direito Constitucional da Universidade de Brasília (UnB).

Enquanto o impasse se arrasta, Nikolas Ferreira tem usado suas redes sociais para manter o tema vivo entre seus seguidores. Com mais de 12 milhões de seguidores somando todas as plataformas, o deputado vem publicando críticas veladas ao Supremo e reforçando o discurso de que “a justiça no Brasil tem dois pesos e duas medidas”. A postura tem rendido apoio entre conservadores e engajamento nas redes, mas também reações de opositores, que o acusam de tentar politizar um processo judicial.

A indefinição sobre o pedido expõe, mais uma vez, a delicada relação entre o Judiciário e o campo bolsonarista. Com a proximidade das eleições municipais de 2026 e o fortalecimento do PL como principal força da oposição, cada gesto de Moraes e do STF ganha peso político. Resta saber até quando o ministro manterá o silêncio — e quais serão as consequências de sua decisão, ou da ausência dela, no tabuleiro político nacional.


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