Os corredores do Supremo Tribunal Federal (STF) foram palco de um dos diálogos mais tensos dos últimos meses. Na última quarta-feira (15), durante um intervalo de sessão, os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux protagonizaram uma discussão acalorada que chamou a atenção de colegas e assessores próximos ao plenário. O motivo? Uma divergência em torno de um processo que envolve o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
O caso em questão diz respeito ao recurso apresentado por Moro, que tenta reverter a decisão que o tornou réu pelo crime de calúnia — justamente contra o ministro Gilmar Mendes. O julgamento já contava com quatro votos contrários a Moro na Primeira Turma, quando Fux decidiu pedir vista, ou seja, mais tempo para analisar o processo. O gesto irritou Gilmar, que não poupou ironias ao colega.
De acordo com relatos obtidos pela imprensa, o ministro teria dito a Fux: “Vê se consegue fazer um tratamento de terapia para se livrar da Lava Jato.” A frase, segundo pessoas que estavam próximas, foi dita em tom sarcástico, fazendo alusão à ligação histórica de Fux com temas relacionados à operação que marcou o cenário político e jurídico do país na última década.
Mas o embate não parou por aí. Gilmar ainda teria relembrado um episódio do passado envolvendo um ex-assessor de Fux, José Nicolao Salvador, demitido em 2016 e citado em uma proposta de delação premiada. “Você precisa enterrar o assunto do Salvador”, teria disparado Gilmar, reacendendo um tema sensível nos bastidores da Corte.
A provocação, naturalmente, não passou em branco. Fux respondeu de imediato, afirmando que seu pedido de vista foi feito por razões técnicas e que pretendia apenas analisar com cuidado o processo de Moro. Ainda segundo relatos, o ministro expressou descontentamento com Mendes, alegando que o colega teria feito críticas a ele em diversas ocasiões.
Gilmar, por sua vez, não recuou. Confirmou que realmente faz críticas ao colega, mas “de forma pública”, e não pelas costas. O veterano ministro ainda afirmou que considera Fux “uma figura lamentável”. Em meio à tensão, Mendes chegou a citar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro como exemplo do que chamou de “voto sem sentido” de Fux, que teria se estendido por 12 horas. Segundo Gilmar, o colega teria “condenado o mordomo” — em referência ao tenente-coronel Mauro Cid —, o que, nas palavras dele, “deixou todo mundo chateado”.
Fux, mantendo o tom firme, defendeu sua posição, dizendo que seu voto foi necessário diante do que considerava “um massacre” sofrido pelos réus envolvidos na trama golpista de 8 de janeiro.
A discussão, que começou a portas fechadas, acabou sendo presenciada por outros ministros, que, constrangidos, entravam e saíam da sala para evitar o confronto direto. O episódio reforçou o clima de tensão e as divisões internas que há tempos marcam o STF, especialmente entre ministros de perfis e posturas distintas.
Até o momento, nenhum dos dois ministros se pronunciou oficialmente sobre o episódio. No entanto, o bate-boca evidencia como as disputas políticas e pessoais ainda ecoam dentro da mais alta Corte do país — onde, muitas vezes, o silêncio do plenário contrasta com o calor dos bastidores.





















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