Espremer espinhas é tentador — sobretudo quando surge aquela pontinha branca —, mas é um hábito que machuca a pele, aumenta o risco de infecção e favorece cicatrizes. “Cirurgia da acne” (extração de cravos/comedões) é coisa diferente: trata-se de um procedimento técnico, feito por profissional treinado, com higienização, instrumentos esterilizados, pressão controlada e aplicação de antissépticos após a sessão. A indicação é individual; lesões muito inflamadas não devem ser espremidas, mesmo em cabine, porque pioram o quadro.
O que acontece quando você espreme em casa
- Empurra bactérias e sebo para camadas mais profundas da pele, gerando inflamação maior.
- Rompe a parede do folículo, causando marcas, manchas e cicatrizes atróficas (as “covinhas”).
- Unhas e objetos não esterilizados contaminam a área (celulite facial, abscessos).
- Em raríssimos casos, infecções profundas na chamada “zona de risco” do rosto (nariz e área ao redor) podem se disseminar por veias que se comunicam com estruturas intracranianas, levando a complicações graves como trombose do seio cavernoso e até meningite em pessoas vulneráveis.
Limpeza de pele profissional x “espremer em casa”
Limpeza/extração profissional (parte do protocolo que muitos chamam de “cirurgia da acne”):
- Avalia tipo de lesão (cravos/comedões fechados e abertos, pústulas pequenas).
- Amolece o conteúdo com emolientes e vapor/ozônio (quando indicado).
- Usa luvas, gazes, extrator esterilizado e pressão precisa para sair “pelo caminho certo”.
- Finaliza com antissépticos, calmantes e, se necessário, LED/alta frequência.
Espremer em casa:
- Não há controle de assepsia, pressão é irregular, o conteúdo espalha sob a pele e a chance de piorar é alta.
O que fazer quando surge “aquela” espinha
- Não cutuque. Lave o rosto com sabonete suave para seu tipo de pele (2×/dia).
- Aplique secativo com peróxido de benzoíla (2,5–5%) ou ácido salicílico (0,5–2%) apenas no ponto, à noite, por alguns dias.
- Se estiver muito inflamada e dolorida, evite extração. Procure o dermatologista; em alguns casos, uma injeção intralesional de corticoide reduz o nódulo rapidamente.
- Protetor solar diário é obrigatório: evita que a inflamação se transforme em mancha (hiperpigmentação pós-inflamatória).
O que nunca usar
- Receitas caseiras (pasta de dente, limão, bicarbonato, alho, álcool direto, vinagre puro).
- Esfoliação agressiva sobre espinha ativa ou uso de agulhas/alfinetes.
- “Unhas afiadas” para “ajudar a sair” — é convite a cicatriz.
Quando marcar consulta
- Acne que não melhora com cuidados básicos (4–8 semanas).
- Nódulos dolorosos, espinhas profundas e recorrentes, ou risco alto de cicatriz.
- Lesões com piora no ciclo menstrual (pode haver componente hormonal).
- Manchas escuras persistentes após as crises.
Sinais de alerta (procurar atendimento)
- Vermelhidão que se espalha, calor local, dor pulsátil, febre — suspeita de infecção.
- Inchaço importante em nariz/área central do rosto, dor intensa, mal-estar.
- Lesões com pus que pioram apesar dos cuidados.
Rotina segura para pele acneica
- Limpeza suave 2×/dia (gel ou espuma).
- Tratamento com ativos como adapaleno/retinoides noturnos (se indicados), ácido salicílico ou azelaico; secativo apenas na lesão.
- Hidratação leve (gel/loção “oil free”, não comedogênica).
- Protetor solar FPS 30+ todo dia, acabamento matte.
- Sessões profissionais (quando indicadas): limpeza de pele, peelings leves, LED; sempre com avaliação dermatológica.