O remake de Vale Tudo chega à sua reta final com mudanças significativas em relação à versão original exibida em 1988. Uma das alterações mais marcantes envolve o desfecho de Marco Aurélio, vivido por Alexandre Nero, e Leila, interpretada por Carolina Dieckmann. Ao contrário da primeira versão, o casal de vilões não conseguirá escapar impune de seus crimes. No último capítulo da nova adaptação, ambos serão detidos pela polícia antes mesmo de decolar em um jatinho particular, frustrando o plano de fuga que marcou época na história da teledramaturgia brasileira.
A trama chega ao clímax quando Consuêlo, papel de Belize Pombal, descobre os desvios financeiros cometidos por Marco Aurélio na TCA. Indignada, ela decide expor o executivo corrupto ao conselho da empresa. “Eu não vou descobrir uma coisa dessas e ficar calada, não. Nem pensar”, afirma a personagem, dando início a uma auditoria interna. Essa atitude desencadeia uma série de acontecimentos que culminam na derrocada do empresário e de sua cúmplice.
Durante uma reunião tensa na empresa, Afonso, vivido por Humberto Carrão, é quem dá o tom de justiça. “Isso aqui é crime, e crime é caso de polícia”, dispara ele, deixando claro que não haverá espaço para conivência com os atos de Marco Aurélio. O executivo percebe que sua farsa foi descoberta e, tomado pelo desespero, corre para alertar Leila sobre o risco iminente de prisão. O diálogo entre o casal evidencia o pânico que os domina: “A Polícia Federal vai bater na TCA atrás de mim. A gente tem que fugir”, avisa ele, enquanto Leila, atônita, tenta compreender a gravidade da situação.
Pouco tempo depois, os dois são vistos em uma pista clandestina, prestes a embarcar em um avião particular. A tensão é crescente, e o clima de urgência toma conta da cena. No entanto, a fuga é interrompida pela chegada repentina da polícia, que cerca o local e impede a decolagem. Marco Aurélio e Leila são presos e levados à delegacia, onde o empresário conversa com seu advogado e também com Tiago, personagem de Pedro Waddington. A prisão, porém, não se transforma em uma punição longa, já que no último capítulo ele reaparece em casa, sugerindo que sua condenação não foi severa.
Essa mudança no roteiro representa uma diferença importante em relação ao final da versão original de Vale Tudo. Em 1988, Marco Aurélio, vivido por Reginaldo Faria, conseguiu fugir do país ao lado de Leila, então interpretada por Cassia Kis, e do filho Bruno, papel de Danton Mello. Na clássica cena, o empresário se despedia do Brasil fazendo um gesto provocativo, uma banana para o país, simbolizando a impunidade e a corrupção que permeavam a história. O momento se tornou um dos mais icônicos da televisão brasileira e permanece na memória dos telespectadores até hoje.
O novo final, por outro lado, busca refletir um contexto social diferente, no qual o público clama por consequências mais realistas para os vilões. A decisão de mostrar a prisão do casal foi interpretada como uma atualização dos valores de justiça e responsabilidade presentes no remake. A Globo apostou em um encerramento mais moralista, mas sem abrir mão da ambiguidade que caracteriza o universo da novela. Mesmo com a detenção, Marco Aurélio não passa muito tempo atrás das grades, o que mantém viva a discussão sobre a impunidade e o poder.
A postura de Consuêlo é outro ponto que ganhou destaque na nova versão. Sua coragem em denunciar os desvios na TCA serve como contraponto à corrupção de Marco Aurélio. A personagem funciona como uma voz da consciência, representando o cidadão comum que decide não se calar diante de irregularidades. Essa mudança reforça o papel das mulheres na trama, que no remake surgem mais ativas e determinadas a enfrentar as injustiças.
Leila, por sua vez, é retratada com maior complexidade emocional. Diferente da figura fria e calculista de 1988, a nova interpretação de Carolina Dieckmann traz nuances de vulnerabilidade. Ela não mata Odete Roitman, como na versão original, e sua trajetória é marcada por arrependimentos e dilemas pessoais. A decisão de fugir com Marco Aurélio é movida mais pelo medo do que pela cumplicidade total, o que humaniza a personagem sem eximi-la de culpa.
A prisão do casal ocorre em um momento em que o público já conhece as falcatruas e vê o cerco se fechar. Essa tensão final é construída com um ritmo cinematográfico, misturando suspense e emoção. A cena da pista clandestina sintetiza o tema central de Vale Tudo: até onde alguém é capaz de ir para escapar das consequências de seus próprios atos. No entanto, a breve liberdade posterior de Marco Aurélio deixa no ar a sensação de que a justiça, embora exista, ainda é frágil.
Com o desfecho programado para a sexta-feira, dia 17, o remake encerra seu ciclo deixando marcas próprias e prestando homenagem à obra original. A nova leitura de Vale Tudo demonstra que, mesmo após quase quatro décadas, a novela continua relevante ao questionar a ética, o poder e o valor da honestidade em um país onde, muitas vezes, o mal parece vencer — mas nunca sem deixar rastros. Na segunda-feira seguinte, a trama será substituída por Três Graças, nova novela de Aguinaldo Silva, que promete trazer outro olhar sobre o Brasil contemporâneo.





















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