O remake de Vale Tudo, exibido atualmente pela Globo em celebração aos 60 anos da emissora, prepara uma reviravolta arrebatadora em sua reta final. A trama, adaptada por Manuela Dias e com direção artística de Paulo Silvestrini, promete fortes emoções com o destino de Ana Clara (Samantha Jones), personagem que terá papel crucial para revelar ao mundo o maior segredo de Odete Roitman (Debora Bloch).
A jovem, que assumiu os cuidados de Leonardo (Guilherme Magon), será alvo direto da fúria da bilionária. Depois de cometer o assassinato de Mário Sérgio (Thomás Aquino), envenenado por suas mãos frias e calculistas, Odete decide eliminar mais uma testemunha de seus crimes. Armando uma emboscada no sítio onde Ana Clara vive, a vilã não hesita em sacar a arma durante uma discussão intensa e dispara contra a moça.
Mesmo ferida e ensanguentada, Ana Clara mostra resiliência e coragem. Ela consegue, em um último ato de força, acionar o celular e enviar sua localização para Heleninha (Paolla Oliveira). Ao chegar ao local, a artista plástica se depara com a cena chocante e finalmente fica frente a frente com o irmão gêmeo, Leonardo — até então dado como morto por toda a família.
Esse reencontro marca o início da queda definitiva de Odete. Ana Clara, antes de perder os sentidos, deixa registrado em vídeo um depoimento revelador: nele, Nise (Teca Pereira), sua avó, confessa como Leonardo sobreviveu ao acidente ocorrido treze anos antes. A narrativa é acompanhada de flashbacks inéditos que mudam por completo a compreensão da tragédia. O público descobre que Heleninha, manipulada durante anos, não dirigia embriagada na noite fatídica, como a mãe a fez acreditar.
A verdade é cruel. Odete, incapaz de aceitar que o filho sobrevivera com sequelas, rejeitou Leonardo desde o início. O corpo enterrado em seu lugar pertencia ao marido de Nise, policial que morreu no acidente. Essa revelação desmonta a farsa sustentada pela empresária por mais de uma década e expõe a sua perversidade diante de toda a família Roitman.
O impacto é devastador. Celina (Malu Galli) acolhe Leonardo em sua mansão, emocionada com a volta inesperada do irmão. Afonso (Humberto Carrão), debilitado, não hesita em buscar o reencontro no hospital. O público já sabe que Leonardo é doador compatível e pode salvar a vida do irmão com um transplante de medula. O arco de redenção é reforçado pela imagem de Leonardo em uma nova cadeira de rodas, cercado de afeto e finalmente aceito pelo núcleo familiar que, por anos, o considerou morto.
Toda essa sequência vai ao ar pouco antes do ponto alto da novela: o assassinato de Odete Roitman, um dos maiores mistérios da teledramaturgia brasileira. No remake, o crime ocorre três capítulos depois da revelação sobre Leonardo. A vilã será encontrada sem vida em seu quarto no luxuoso Copacabana Palace, e a sociedade enfim tomará conhecimento do segredo obscuro que ela tentou esconder.
A imprensa fictícia da trama repercute não apenas a morte da empresária, mas também a volta do herdeiro dado como morto. Repórteres noticiam a sobrevivência de Leonardo, escancarando ao público a dimensão da mentira de Odete. É a derrocada completa de uma das personagens mais emblemáticas da televisão brasileira.
Com essa virada, o remake de Vale Tudo honra a tradição da obra original exibida em 1988, mas acrescenta camadas inéditas de suspense e emoção. A figura de Ana Clara se revela determinante: embora perca a vida em decorrência dos tiros de Odete, é graças a sua bravura e às provas que deixou que a verdade vem à tona. A personagem, interpretada com intensidade por Samantha Jones, torna-se mártir e peça-chave na destruição da vilania de Odete.
Ao amarrar segredos, reencontros e tragédias pessoais, a novela reafirma o poder dos clássicos de instigar discussões sobre ética, família e poder. A reta final de Vale Tudo promete não apenas relembrar um dos maiores marcos da teledramaturgia nacional, mas também renovar a experiência para uma nova geração de espectadores.