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Tia de adolescente que morreu no RJ conta a verdade sobre a sobrinha

8 horas atrás

A madrugada da última quinta-feira, 31 de outubro, foi marcada por mais um episódio de tristeza e violência no Rio de Janeiro. A jovem Lanna Cristina de Menezes Soares, de apenas 13 anos, foi morta com um tiro na boca na comunidade da Coreia, em Senador Camará, Zona Oeste da cidade. O principal suspeito do disparo é outro adolescente, também menor de idade, que foi apreendido horas depois.

Segundo familiares, Lanna estava em um bar acompanhando o jogo do Flamengo ao lado da mãe. Era uma noite comum, com o bairro tomado pelo som das televisões e o grito de torcedores. Em um momento de distração, a menina saiu com uma amiga para se encontrar com dois garotos — e foi nesse intervalo que tudo aconteceu.

O disparo, segundo as investigações preliminares, teria ocorrido durante o encontro. A versão mais forte aponta para um tiro acidental, mas a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) ainda apura as circunstâncias exatas.

A tragédia ganhou as redes sociais rapidamente, e, junto com a comoção, vieram os boatos. Em páginas da comunidade, começaram a circular rumores de que Lanna teria envolvimento com o tráfico — algo que a família fez questão de desmentir publicamente.

A tia da adolescente, Katyane, usou as redes sociais para defender a memória da sobrinha. “Minha sobrinha não era envolvida com nenhum menino que fosse traficante”, escreveu em um desabafo emocionado, lamentando a crueldade dos comentários. A publicação recebeu centenas de mensagens de apoio e solidariedade.

Horas depois do crime, os adolescentes que estavam com Lanna se apresentaram na 34ª DP (Bangu), acompanhados dos responsáveis. Um deles acabou apreendido por ato infracional análogo ao homicídio e foi encaminhado à Justiça. A DHC segue conduzindo as investigações para determinar se o disparo foi intencional ou resultado de uma brincadeira inconsequente que terminou em tragédia.

A morte de Lanna ocorre em um momento em que o Rio de Janeiro enfrenta uma escalada de violência envolvendo menores, tanto como vítimas quanto autores. Apenas nas últimas semanas, episódios semelhantes foram registrados em diferentes regiões da cidade, reacendendo o debate sobre o acesso de adolescentes a armas de fogo e a falta de políticas eficazes de prevenção.

Na comunidade da Coreia, o clima é de luto e incredulidade. Moradores relatam que a menina era conhecida por ser alegre, vaidosa e muito próxima da família. “Ela era o tipo de menina que ainda sonhava em ser cantora, vivia dançando. A gente ainda não acredita”, contou uma vizinha, com os olhos marejados.

Enquanto isso, a família tenta lidar com a dor e a revolta. Entre os pedidos de justiça, há também um apelo por respeito e empatia. “Lanna não era mais uma estatística, era uma menina cheia de sonhos”, escreveu outro parente nas redes.

O corpo da jovem foi sepultado sob forte comoção no Cemitério de Campo Grande, em meio a aplausos e lágrimas. A mãe, amparada por familiares, mal conseguia se manter em pé. “O que aconteceu com minha filha não pode ser esquecido”, disse, em voz baixa.

No fim, a morte de Lanna Cristina se soma a tantas outras histórias interrompidas cedo demais — e deixa no ar uma pergunta que o Rio insiste em não responder: até quando a juventude vai pagar o preço da violência?


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