Na última terça-feira (28), o Rio de Janeiro voltou a ser palco de uma das maiores ações policiais já registradas no estado. Cerca de 2,5 mil agentes de segurança foram mobilizados numa ofensiva contra o Comando Vermelho, uma das facções mais antigas e poderosas do país. A operação, que se concentrou nas comunidades da Penha e do Alemão, terminou com um balanço trágico: 121 pessoas mortas, segundo informações oficiais divulgadas pelas autoridades fluminenses.
O objetivo era cumprir 51 mandados de prisão relacionados ao tráfico de drogas, mas a intensidade dos confrontos acabou transformando a região em uma verdadeira zona de guerra. Tiros cruzando os becos, helicópteros sobrevoando em baixa altitude e moradores em pânico tentando se proteger dentro de casa — cenas que, infelizmente, o carioca já conhece bem, mas que ainda chocam pela dimensão da violência.
Entre os episódios mais marcantes está o do delegado Bernardo Leal Anne Dias, assistente da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Durante o tiroteio, Bernardo foi atingido por disparos e precisou passar por uma cirurgia de emergência, que resultou na amputação de uma das pernas. O caso comoveu colegas e reacendeu o debate sobre as condições de trabalho dos policiais que atuam na linha de frente.
De acordo com o coronel Marcelo de Menezes, secretário de Polícia Militar do estado, o delegado permanece internado em estado grave, mas sob cuidados intensivos e com acompanhamento constante da equipe médica. Outros quatro policiais civis também seguem hospitalizados, embora apresentem quadro clínico estável e previsão de alta para os próximos dias.
Na Polícia Militar, o balanço também é preocupante. Dois agentes continuam internados em estado grave, enquanto outros sete se recuperam bem e devem deixar o hospital em breve. Vídeos gravados durante a ação mostram colegas tentando socorrer feridos em meio a intenso fogo cruzado, o que ilustra o risco extremo dessas operações.
Essa megaoperação faz parte de um plano mais amplo do governo estadual para enfraquecer o poder das facções criminosas que controlam boa parte das comunidades cariocas. No entanto, os resultados voltam a levantar questionamentos sobre estratégias de enfrentamento que, muitas vezes, deixam um rastro de sangue e medo — tanto entre os criminosos quanto entre os próprios agentes e moradores.
Entidades de direitos humanos e especialistas em segurança pública têm cobrado maior preparo tático e suporte psicológico para os policiais envolvidos, além de revisão nos protocolos de abordagem em áreas densamente povoadas. “Não é só sobre números ou mandados cumpridos. É sobre vidas — de ambos os lados”, comentou um analista em entrevista à TV Globo.
A tragédia desta semana expõe, mais uma vez, o dilema que há décadas acompanha o Rio de Janeiro: como combater o crime organizado sem transformar as comunidades em campos de batalha? Enquanto o debate continua, famílias choram suas perdas, policiais lutam para se recuperar, e a cidade tenta, mais uma vez, se recompor depois de mais um capítulo violento da sua história recente.
Seja nas rodas de conversa dos bares, nas redes sociais ou nas manchetes de jornal, o assunto domina as discussões. E a sensação, entre muitos cariocas, é a mesma: algo precisa mudar — e rápido.





















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