O clima era de profunda dor e indignação na tarde desta quarta-feira (29), no Cemitério Memorial do Rio, em Cordovil. Amigos, familiares e colegas de farda se reuniram para se despedir do policial civil Rodrigo Velloso Cabral, de apenas 34 anos, morto com um tiro na nuca durante a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio.
Mais de 150 pessoas compareceram ao velório — entre elas, policiais civis, militares, rodoviários e até os comandantes das forças de segurança do estado. O ambiente, marcado pelo som contido de soluços e pelo silêncio pesado, foi cortado por um momento de emoção quando pétalas de flores foram lançadas de um helicóptero sobre o caixão, em um tributo que deixou muita gente às lágrimas.
Rodrigo, lotado na 39ª DP (Pavuna), era considerado um exemplo pelos colegas. Tinha apenas 40 dias de corporação, mas já demonstrava entusiasmo com a profissão. Nas redes sociais, costumava postar fotos com a esposa e a filha, e celebrar suas idas ao Estádio Nilton Santos, onde torcia fervorosamente pelo Botafogo. “Meu filho era sorriso, era alegria. Ele dizia que queria mudar o mundo com a farda”, contou, entre lágrimas, Débora Velloso Cabral, mãe do policial.
Débora relembra o último momento com o filho: “Antes de sair, ele me abraçou e disse: ‘Mamãe, te amo. Volto em breve’. Quando vi na TV que um policial tinha morrido, meu coração gelou. E quando apareceu o nome dele… entrei em desespero”.
A mãe também fez duras críticas ao governo estadual. “O Cláudio Castro sabia que eles não tinham condições de enfrentar o CV daquele jeito. Mandaram meu filho pra morte. Ele era um menino bom, ainda aprendendo”, desabafou, sendo amparada por parentes e colegas.
A morte de Rodrigo aconteceu durante a Operação Contenção, que mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar. A ação, segundo o governo, tinha como objetivo conter o avanço do Comando Vermelho (CV) e prender lideranças do tráfico. Mas o saldo foi trágico: ao menos 120 mortos, entre suspeitos e policiais, em um dos episódios mais sangrentos da segurança pública recente do estado.
Do lado de fora do cemitério, viaturas se enfileiravam em silêncio, faróis acesos. Policiais trocavam olhares duros e apertos de mão demorados — o tipo de gesto que dispensa palavras. Um colega de Rodrigo, que preferiu não se identificar, resumiu o sentimento geral: “A gente sai de casa sem saber se volta. Hoje foi ele, amanhã pode ser qualquer um de nós”.
O comandante da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, lamentou a morte do agente e reforçou que o policiamento foi intensificado:
“Estamos com presença reforçada nas ruas, inclusive na Baixada, Niterói e São Gonçalo. A determinação do governador é restabelecer a normalidade e garantir o direito de ir e vir do cidadão de bem.”
Enquanto o caixão era coberto pela bandeira do Brasil, a filha pequena de Rodrigo segurava uma flor branca. A cena — simples, mas devastadora — resumiu o impacto de uma guerra urbana que continua fazendo vítimas dos dois lados.
Na despedida, o sentimento era um só: a esperança de que o sacrifício de Rodrigo não tenha sido em vão, e que um dia o Rio de Janeiro consiga viver em paz.





















Mãe de três filhos não resiste e perde a vida após marido fazer o pior com ela
Jovem de 15 anos perde a vida de maneira trágica e causa comoção
Roberto Kovalick estreia no Jornal Hoje cobrindo furacão Melissa no Caribe
Famílias lidam com perdas e emoções após operação no Rio de Janeiro
Irmã de “Japinha morta no Rio de Janeiro ” pede homenagens com fotos felizes após morte em operação
Mãe de agressor que espancou esposa com taco de sinuca se manifesta