A imagem de Penélope, conhecida nos morros do Rio de Janeiro como “Japinha”, rodou as redes sociais antes mesmo de sua morte. Vestida com roupa camuflada, colete tático e empunhando um fuzil, ela se apresentava como uma verdadeira “soldada” do Comando Vermelho. Sem mostrar o rosto, mas com postura firme e provocante, a jovem se tornara uma espécie de símbolo dentro da facção, conhecida entre comparsas e curiosos como a “musa do crime”. Sua morte, no entanto, revelou de forma brutal o quanto o fascínio pela imagem contrasta com a realidade trágica da guerra urbana que assola o Rio de Janeiro.
A operação que resultou em sua execução foi a mais letal da história do estado. De acordo com as autoridades, cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, além de unidades especiais, participaram da ação que atingiu os complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da cidade. O objetivo, segundo o governo fluminense, era conter o avanço territorial do Comando Vermelho e desmantelar a logística usada pela facção nas comunidades. Mas o saldo final — dezenas de mortos, casas perfuradas e uma população aterrorizada — reacendeu o debate sobre a escalada da violência e a eficácia desse tipo de operação.
Penélope teria sido morta com um tiro de fuzil que atingiu sua cabeça durante intenso confronto com as forças de segurança. Fontes policiais afirmaram que ela resistiu à abordagem, abrindo fogo contra os agentes. Seu corpo foi encontrado próximo a um dos acessos principais da comunidade, ainda vestindo o uniforme de combate e portando equipamentos táticos. A cena, descrita por testemunhas como de extrema violência, encerrou uma trajetória marcada pela exposição e pelo perigo.
Antes de sua morte, “Japinha” era considerada uma figura de confiança dos principais líderes do Comando Vermelho. De acordo com investigações, ela participava da defesa de pontos de venda de drogas e da proteção de rotas de fuga. Também era vista em vídeos e fotos que circulavam nas redes, sempre ostentando armas e adereços militares. Essa postura reforçava sua imagem de mulher destemida, algo incomum em um ambiente dominado por homens e pelo poder das armas.
A divulgação de suas fotos, antes e depois da morte, provocou grande repercussão. Enquanto parte do público se mostrava curiosa com a figura da “musa do crime”, familiares pediram que as imagens de seu corpo não fossem compartilhadas, alegando sofrimento e exposição desnecessária. O apelo se espalhou entre conhecidos e moradores da comunidade, que também criticaram a forma como as operações policiais transformam tragédias em espetáculos midiáticos.
Durante a madrugada do confronto, relatos de moradores descreveram cenas de terror. Helicópteros sobrevoaram os morros, blindados abriram caminho pelos becos e o barulho dos tiros se estendeu até o amanhecer. Em áreas como Grota, Fazendinha e Vila Cruzeiro, o fogo cruzado deixou rastros de destruição. Mesmo com o cerco intenso, parte dos criminosos conseguiu escapar por túneis e passagens camufladas entre casas e muros, uma estratégia já usada em operações anteriores.
A morte de Penélope também evidenciou o papel cada vez mais visível das mulheres dentro das facções criminosas. Longe de serem apenas companheiras ou figuras de bastidores, algumas assumem postos de comando, transporte de armas e até liderança de territórios. No caso de “Japinha”, sua presença na linha de frente e a confiança dos líderes indicavam que ela havia alcançado um espaço raro no submundo do tráfico carioca.
Entretanto, o fim violento de sua trajetória reforça o caráter efêmero desse poder. A mesma visibilidade que lhe dava status também a tornava alvo fácil para a repressão policial. Ao se exibir nas redes sociais com armas de grosso calibre, “Japinha” não apenas desafiava o Estado, mas alimentava a imagem de uma mulher em guerra, pronta para morrer em nome da facção. Sua execução, por um tiro de fuzil, selou esse destino de forma simbólica e cruel.
A megaoperação, apesar de comemorada por setores do governo, deixou marcas profundas nas comunidades envolvidas. Famílias inteiras ficaram presas dentro de casa, escolas e postos de saúde suspenderam o funcionamento, e os relatos de abusos policiais voltaram à tona. A promessa de “pacificação” deu lugar a mais medo e desconfiança. O número recorde de mortos expôs o fracasso de uma política de segurança baseada em confronto direto, sem perspectiva de solução duradoura.
No fim, a história de “Japinha” é um retrato da contradição que domina o Rio de Janeiro: entre o glamour da criminalidade nas redes e a brutalidade das operações policiais, vidas se perdem sem que nada realmente mude. A jovem que posava com fuzil e olhar desafiador terminou sozinha, caída no chão, símbolo trágico de um ciclo que mistura poder, vaidade, violência e morte — um ciclo que continua a se repetir nas vielas onde o Estado e o crime disputam, a cada dia, o controle e a sobrevivência.






















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