Mulher diz à polícia que marido morreu em briga de bar, mas câmeras registram o inacreditável

Uma história que parecia saída de um roteiro de novela policial chocou moradores da Zona Leste de São Paulo e mobilizou a Polícia Civil no último fim de semana. Uma mulher de 37 anos foi presa em flagrante após mentir sobre a morte do próprio marido, um homem de 29 anos, encontrado esfaqueado em uma rua do bairro. O caso, que inicialmente foi tratado como um assalto, ganhou contornos dramáticos depois que câmeras de segurança revelaram que a autora do crime era, na verdade, a própria esposa da vítima.

De acordo com o boletim de ocorrência, a mulher acionou a polícia afirmando que o marido havia sido atacado por um criminoso durante uma suposta tentativa de roubo. Chorando e visivelmente abalada, ela contou aos policiais que o casal caminhava pela rua quando o homem tentou intervir em um assalto e acabou sendo esfaqueado. A história, no primeiro momento, convenceu as autoridades, que iniciaram buscas pelo suposto autor do crime na região. A encenação, no entanto, durou pouco.

Enquanto os policiais colhiam informações no local, um comerciante se aproximou da viatura e informou que uma de suas câmeras de segurança havia registrado toda a cena. As imagens, entregues à equipe, mostraram o contrário do que a mulher relatava. O vídeo revelava o momento exato em que ela, após uma discussão intensa, sacava uma faca e golpeava o marido diversas vezes, fugindo em seguida. A gravação foi decisiva para que a farsa fosse desmascarada em poucas horas.

Confrontada com as imagens, a mulher entrou em contradição e acabou confessando o crime. Segundo seu novo depoimento, o casal vinha enfrentando brigas constantes e crises de ciúmes, que teriam se intensificado nos últimos meses. Na noite do crime, os dois discutiram novamente, e a mulher alegou ter “perdido o controle” durante a discussão. A faca utilizada foi apreendida pela polícia, e a suspeita acabou presa em flagrante por homicídio qualificado.

O corpo do homem foi recolhido pelo Instituto Médico Legal (IML) e deve passar por perícia. Familiares da vítima ficaram em choque com a revelação. Vizinhos relataram que o casal era conhecido na região, mas as discussões eram frequentes. “Eles brigavam muito, mas ninguém imaginava que isso fosse terminar assim. Ela parecia tranquila, estava sempre com ele”, disse uma moradora que preferiu não se identificar. O caso agora está sendo investigado pelo 8º Distrito Policial, que busca entender se o crime foi premeditado.

Especialistas consultados pela reportagem explicam que o comportamento da mulher, ao tentar enganar a polícia, pode agravar sua situação judicial. “A tentativa de obstruir a investigação é um fator que pesa contra o acusado. No entanto, a defesa poderá alegar que ela estava em estado de desespero ou sob forte abalo emocional”, explica o advogado criminalista Marcos Goulart. Caso condenada, a mulher poderá pegar mais de 20 anos de prisão, considerando as qualificadoras do crime.

O caso reacende o alerta sobre a violência doméstica e os crimes passionais, que continuam a crescer no país. Segundo dados recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, conflitos entre casais representam uma parcela significativa dos homicídios registrados no Brasil. Embora, neste caso, a vítima tenha sido o homem, os especialistas destacam que a raiz da tragédia é a mesma: relações marcadas por ciúmes, descontrole e falta de diálogo. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo reforçou que a investigação segue em andamento e que novas diligências serão realizadas para esclarecer todos os detalhes da ocorrência.

Enquanto isso, o bairro onde tudo aconteceu ainda tenta digerir o ocorrido. A mulher, que horas antes foi vista chorando e pedindo justiça pela morte do companheiro, agora responde pelo crime que ela mesma cometeu. O vídeo, que desfez sua farsa em poucos minutos, se tornou o principal símbolo de um caso que expõe, mais uma vez, como a mentira e a violência podem transformar uma história de amor em tragédia. A polícia deve encaminhar o inquérito ao Ministério Público nos próximos dias, e a ré aguardará o julgamento presa preventivamente.