Uma tragédia aérea abalou a região do Pantanal sul-mato-grossense na noite desta terça-feira (23), quando um avião de pequeno porte caiu na cidade de Aquidauana, resultando na morte de quatro pessoas. O acidente vitimou o renomado arquiteto chinês Kongjian Yu, reconhecido internacionalmente por seus projetos de urbanismo sustentável, e o cineasta brasileiro Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, que se dedicava à produção de documentários sobre o meio ambiente. Também estavam a bordo o documentarista Rubens Crispim Jr. e o piloto Marcelo Pereira de Barros, proprietário da aeronave. Nenhum dos ocupantes sobreviveu ao impacto.
O Corpo de Bombeiros Militar foi acionado por volta das 20h10, após moradores da região reportarem a queda da aeronave em uma área de difícil acesso, próxima à fazenda Barra Mansa. De acordo com a corporação, a operação de resgate se estendeu por quase nove horas devido à complexidade do terreno e à distância do local. Três militares participaram da ação, utilizando uma única viatura. Quando os bombeiros chegaram, todos os passageiros já haviam falecido. As vítimas, todas do sexo masculino, foram retiradas das ferragens e encaminhadas à funerária sob os cuidados da Polícia Civil.
Ainda não há confirmação sobre as causas do acidente. Segundo informações preliminares, o avião se preparava para o pouso na propriedade rural quando ocorreu a queda. A aeronave de matrícula PT-BAN estava registrada em nome do piloto, Marcelo Pereira de Barros, conforme o Registro Aeronáutico Brasileiro da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). O documento consultado indica que a situação de aeronavegabilidade era considerada normal, embora o avião não tivesse autorização para realizar voos de táxi aéreo. A ausência dessa permissão reforça as linhas de investigação que serão apuradas pelos órgãos competentes.
A Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou o acidente e informou que investigadores do SERIPA IV (Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), ligado ao CENIPA, foram deslocados para o Pantanal. A equipe será responsável por conduzir a chamada “Ação Inicial”, uma etapa essencial que envolve a coleta de dados, preservação de elementos e avaliação preliminar dos danos na aeronave. Esse processo permitirá levantar indícios que possam esclarecer o que motivou a queda, embora relatórios finais sobre acidentes desse porte geralmente levem meses até a conclusão.
A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul (PCMS) também acompanha o caso. Em nota, o DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), em conjunto com a Delegacia de Aquidauana, informou que foi acionado ainda na noite de terça-feira para prestar apoio na ocorrência. Como a queda ocorreu em uma área rural, equipes tiveram de enfrentar longos deslocamentos por estradas de difícil acesso, o que dificultou a rapidez no resgate e na coleta das primeiras informações. A perícia deve analisar o local em busca de vestígios que indiquem falhas técnicas, erro humano ou fatores externos, como as condições climáticas no momento do voo.
A notícia gerou grande repercussão não apenas em Mato Grosso do Sul, mas também em círculos artísticos e acadêmicos internacionais. Kongjian Yu era considerado um dos arquitetos mais influentes da atualidade, com projetos voltados à sustentabilidade urbana em diversas partes do mundo. Já Luiz Fernando Ferraz tinha no currículo trabalhos que dialogavam com a preservação do Pantanal e outras riquezas naturais brasileiras, sendo admirado por seu engajamento na defesa do meio ambiente. A produtora responsável pelos projetos de Ferraz lamentou a perda e agradeceu as manifestações de solidariedade recebidas: “É um momento de profunda dor, mas também de reconhecimento pelo legado deixado por esses profissionais”.
Enquanto familiares, amigos e admiradores lamentam a perda irreparável, as investigações seguem para tentar esclarecer como um voo planejado para ser curto e tranquilo terminou em tragédia. O Pantanal, cenário majestoso e de grande biodiversidade, agora carrega mais um capítulo de luto em sua história recente. Para os especialistas, a análise técnica será fundamental não apenas para identificar responsabilidades, mas também para reforçar a importância de medidas preventivas que garantam a segurança em voos regionais. Até lá, o acidente em Aquidauana permanece como um doloroso lembrete da vulnerabilidade humana diante dos riscos da aviação.