Menu

Foi assim que Eduardo reagiu ao saber dos elogios do Trump para o Lula

11 minutos atrás

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a ocupar os holofotes da cena política nesta terça-feira (23), após comentar a declaração do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, a fala do republicano, que classificou Lula como um “cara muito agradável” e destacou a “excelente química” entre ambos, não representa um gesto de aproximação política, mas sim a expressão máxima da “genialidade” de Trump como negociador. A avaliação de Eduardo acontece em meio a um ambiente de forte tensão nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, agravado por tarifas bilionárias e recentes sanções contra cidadãos brasileiros.

Durante seu discurso, Trump relatou o encontro com Lula na Assembleia Geral da ONU e afirmou que os dois terão uma nova reunião nos próximos dias para discutir retaliações impostas por Washington ao Brasil. O republicano também declarou que o país “vai mal sem os Estados Unidos”, frase que repercutiu intensamente no cenário político. Eduardo Bolsonaro, que está em território norte-americano, destacou que a postura de Trump não surpreende e faz parte de um jogo de pressão seguido por reacomodação estratégica, método já conhecido de sua trajetória empresarial e política. “É a marca registrada dele: aumentar a tensão, impor condições e depois se abrir ao diálogo em posição de força”, afirmou.

Para o parlamentar, esse movimento coloca Lula em situação delicada, já que caberá ao presidente brasileiro a “difícil missão de extrair algo positivo” da conversa com Trump. Eduardo foi além e disse que líderes como Lula assistem às ações do republicano “impotentes”, sem capacidade real de alterar o “jogo global” conduzido por Washington. Ao mesmo tempo, a fala de Trump de que o Brasil “vai mal” sem os Estados Unidos foi celebrada pelo deputado como um argumento que reforça a narrativa bolsonarista em defesa de uma “anistia ampla, geral e irrestrita” aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, tema que segue polarizando a política nacional.

O contexto internacional dá ainda mais peso às declarações. Nos últimos meses, o governo Biden aumentou tarifas sobre produtos brasileiros em até 50%, medida que, segundo Washington, respondeu a uma “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro. Essa sobretaxa representou um dos pontos mais críticos das relações bilaterais em décadas e abriu caminho para novas punições, como as sanções anunciadas nesta semana contra cidadãos brasileiros, incluindo a esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes. Esse quadro gera pressões diplomáticas sem precedentes e torna cada aceno político ainda mais sensível para o governo Lula.

Enquanto exaltava Trump, Eduardo enfrentava dificuldades no Congresso brasileiro. O Conselho de Ética da Câmara abriu processo que pode levar à cassação de seu mandato, sob acusação de conduta incompatível com a função parlamentar. A denúncia aponta que o deputado teria atuado em defesa de sanções impostas pelos Estados Unidos contra o Brasil, com o objetivo de “desestabilizar instituições republicanas”. Paralelamente, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), rejeitou a indicação de Eduardo para liderar a minoria da Casa, enfraquecendo ainda mais sua posição política em Brasília. Para críticos, o movimento mostra que o desgaste do parlamentar já não se restringe ao campo adversário.

Essas derrotas institucionais se somam à distância física de Eduardo Bolsonaro em relação ao país. Desde fevereiro, o deputado permanece nos Estados Unidos e já acumula faltas às sessões da Câmara, situação que pode culminar na perda do mandato. A permanência prolongada no exterior tem sido usada por opositores como prova de que o parlamentar atua mais como representante de interesses internacionais do que como legislador brasileiro. Ainda assim, Eduardo aposta em sua proximidade com figuras como Trump para manter relevância política, em um momento em que a base bolsonarista tenta se reorganizar após a condenação de Jair Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal.

A fala de Trump sobre Lula, interpretada de forma elogiosa em um primeiro momento, adquire contornos de cálculo político diante da análise feita por Eduardo. Para o republicano, acostumado a usar palavras como instrumento de negociação, acenos e críticas fazem parte de um mesmo tabuleiro. Já para o governo brasileiro, a aproximação forçada pode ser vista como desafio adicional em um cenário de tensões diplomáticas e econômicas. O encontro anunciado entre os dois líderes promete ser mais do que uma conversa protocolar: pode redefinir os rumos da relação entre Brasil e Estados Unidos em um período decisivo.

Entre elogios e ataques, o episódio mostra como a política internacional e a disputa interna se entrelaçam no Brasil. Para Eduardo Bolsonaro, a postura de Trump reafirma sua “genialidade” estratégica e coloca Lula diante de uma “prova de fogo” nas negociações. Para críticos, o deputado busca, mais uma vez, capitalizar a imagem de um aliado externo para reforçar a narrativa bolsonarista dentro do país. No entanto, em meio a sanções, tarifas e processos éticos, o que está em jogo vai além de gestos diplomáticos: trata-se da credibilidade do Brasil em um cenário global cada vez mais instável.


CONTINUAR LENDO →