As estradas brasileiras, que deveriam ser sinônimo de mobilidade e desenvolvimento, continuam marcadas por tragédias que destroem famílias e revelam fragilidades na segurança viária. Na tarde desta segunda-feira (22), uma colisão frontal na rodovia ES-164, no município de Alto Rio Novo, Noroeste do Espírito Santo, resultou na morte de duas pessoas – entre elas um bebê de apenas meses de vida – e deixou outros quatro feridos. O acidente, ocorrido por volta das 15h, no distrito de Monte Carmélia, é mais um episódio que reforça a urgência de medidas efetivas para reduzir a violência no trânsito.
De acordo com a Polícia Militar, o acidente envolveu um Volkswagen Gol e um Fiat Mobi. O motorista do Gol, identificado como Sebastião Roberto Moreira, não resistiu à gravidade do impacto. No outro veículo, estava o pequeno Diogo Gonçalves, que também não sobreviveu. A batida foi tão forte que ambos os carros ficaram completamente destruídos, exigindo atendimento emergencial imediato e a mobilização de diversas equipes de socorro.
Segundo os relatos, no Gol viajavam quatro pessoas, incluindo o motorista que perdeu a vida. Já no Mobi, estavam um homem, duas mulheres e a criança. Todos os ocupantes dos veículos sofreram ferimentos de diferentes gravidades. O atendimento contou com a participação do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer), que realizou a transferência de algumas vítimas para um hospital em Colatina. Até a noite desta segunda-feira, não havia informações atualizadas sobre o estado clínico dos sobreviventes, mas familiares confirmaram que alguns seguem em observação intensiva.
Testemunhas que presenciaram o acidente afirmaram que o Gol teria invadido a contramão em uma curva, o que provocou a colisão frontal. A versão, no entanto, ainda depende da análise da perícia da Polícia Científica, acionada para investigar as circunstâncias da batida. A Polícia Civil também acompanha o caso e deverá ouvir depoimentos de sobreviventes e testemunhas para reconstruir a dinâmica do acidente. Enquanto isso, moradores da região se mobilizam em apoio às famílias, promovendo campanhas de solidariedade e arrecadação de doações para ajudar nos custos hospitalares e funerários.
A tragédia trouxe comoção à comunidade de Monte Carmélia e evidenciou novamente a vulnerabilidade das estradas capixabas, muitas vezes estreitas, sem acostamento adequado e com sinalização precária. A ES-164, em particular, já foi palco de outros acidentes graves, sendo constantemente alvo de reclamações por parte de motoristas e moradores locais. “É uma rodovia perigosa, com muitas curvas fechadas. Quem não tem atenção redobrada corre risco”, comentou um comerciante da região, que prefere não se identificar.
Especialistas em segurança viária alertam que situações como a registrada em Alto Rio Novo são resultado de uma combinação de fatores: imprudência no volante, infraestrutura deficiente e fiscalização insuficiente. Estudos recentes apontam que ultrapassagens em locais proibidos, excesso de velocidade e fadiga do motorista estão entre as principais causas de colisões frontais no Brasil. No Espírito Santo, a cada ano, centenas de vidas são interrompidas em acidentes semelhantes, segundo dados do Observatório Nacional de Segurança Viária.
Diante do impacto do caso, autoridades estaduais reforçam a necessidade de investimentos em campanhas de conscientização e melhorias estruturais nas rodovias. Mais do que números frios em estatísticas, cada vítima representa uma história interrompida e uma família devastada. O acidente desta segunda-feira, que levou embora a vida de um pai de família e de uma criança em plena infância, é um retrato doloroso do que está em jogo: a urgência de transformar o trânsito brasileiro em um espaço de responsabilidade coletiva, onde cada curva e cada ultrapassagem sejam encaradas com a seriedade que podem significar a diferença entre a vida e a morte.