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Acabam as buscas pela querida Lusiane, que estava dois meses desaparecida

7 horas atrás

A ausência de notícias de um ente querido é uma das experiências mais angustiantes que uma família pode viver. No caso de Lusiane Borges, de apenas 27 anos, cada dia sem resposta foi um peso doloroso para parentes e amigos, que se agarraram à esperança de encontrá-la com vida. Por quase dois meses, a jovem esteve desaparecida, e a incerteza corroeu não só os familiares, mas também toda a comunidade de Santa Cecília, no Planalto Norte de Santa Catarina, que acompanhava com expectativa e apreensão cada desdobramento da investigação.

O desfecho, porém, foi devastador. No sábado, 20 de setembro, pescadores localizaram o corpo de Lusiane no rio Correntes. Envolto em um cobertor e preso a pedras, o cadáver emergiu parcialmente depois que parte do material usado para ocultá-lo se soltou. A cena, descrita pelos próprios pescadores como “chocante e angustiante”, não deixou dúvidas de que a jovem havia sido vítima de um crime cruel. De imediato, a Polícia Civil foi acionada e confirmou a identidade da mulher, pondo fim à esperança que ainda restava à família.

A descoberta reforçou a principal linha de investigação já conduzida pelas autoridades: a de que Lusiane teria sido vítima de feminicídio. O principal suspeito é o próprio marido da jovem, que havia sido preso preventivamente ainda durante as buscas. Segundo os investigadores, o rio já havia sido vistoriado anteriormente, mas a forma como o corpo foi ocultado dificultou a localização. Para a polícia, os indícios encontrados fortalecem a tese de que houve planejamento na execução do crime, o que agrava a situação do acusado.

A trajetória de Lusiane ajuda a dimensionar o impacto de sua morte. Conhecida por sua dedicação ao trabalho e à família, ela era vendedora em uma loja de roupas e havia iniciado recentemente os estudos no curso de magistério. Sonhava em se tornar professora e já estagiava em creches locais, conquistando a admiração das crianças e colegas de profissão. Amigos relatam que ela sempre se destacou pela alegria, disposição e desejo de construir uma vida melhor. A interrupção precoce dessa história torna a tragédia ainda mais dolorosa e revolta quem acompanhava seus planos.

Durante o período em que esteve desaparecida, a angústia da família foi compartilhada publicamente nas redes sociais. Em uma das mensagens mais emocionantes, a irmã da jovem escreveu: “Minha irmã, não há um só dia que eu não pense em você. Sinto falta dos seus sorrisos, da sua voz, da sua presença iluminando a minha vida.” O relato comoveu internautas de diversas regiões e gerou uma onda de solidariedade, que se transformou em pedidos por justiça após a confirmação da morte. Esse apoio virtual também evidencia como crimes dessa natureza impactam não apenas os familiares diretos, mas um círculo muito mais amplo de pessoas que se identificam com a dor.

O caso de Lusiane reacende o debate sobre feminicídio no Brasil, um crime que, apesar de leis específicas e campanhas de conscientização, segue com números alarmantes. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mais de mil mulheres foram vítimas de feminicídio apenas em 2023, uma média de três por dia. Santa Catarina, onde Lusiane vivia, registrou aumento nos índices nos últimos anos, revelando que a violência de gênero continua sendo um desafio urgente para autoridades e sociedade. Para especialistas, casos como esse expõem a necessidade de ampliar políticas públicas de proteção e de fortalecer redes de apoio que possam identificar sinais de risco antes que se tornem irreversíveis.

Enquanto o inquérito policial segue em andamento e a Justiça prepara os próximos passos, a comunidade de Santa Cecília aguarda respostas definitivas sobre as circunstâncias que tiraram a vida da jovem. O silêncio que paira após a tragédia é cortado apenas pela indignação e pelo clamor por justiça. O velório e sepultamento de Lusiane ainda não foram divulgados oficialmente, mas o sentimento é de que sua história não será esquecida tão cedo. Mais do que uma estatística, ela se torna símbolo de luta contra a violência que insiste em interromper sonhos e ceifar vidas em todo o país.


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