Um caso de suposta negativa de atendimento a uma gestante na UPA Municipalizada de Nilópolis, na Baixada Fluminense, gerou comoção nas redes sociais e levou a prefeitura a afastar temporariamente a profissional envolvida enquanto um processo administrativo é conduzido. Vídeos feitos pelo marido mostram o desespero da família ao pedir socorro; segundo ele, a esposa apresentava sangramento e dores intensas quando a porta do consultório foi fechada após ele começar a filmar. A Secretaria Municipal de Saúde informou que as imagens do circuito interno também serão analisadas.
De acordo com os relatos publicados nas redes e confirmados por veículos de imprensa, a gestante estava com cerca de seis semanas quando procurou a UPA. No vídeo, o marido implora por atendimento e diz que a esposa “está perdendo o meu filho”. A repercussão levou a caso a ganhar cobertura nacional. Em nota, o município reforçou que não compactua com má conduta e que a apuração será rigorosa.
A cronologia do episódio ainda é descrita de formas ligeiramente distintas pela mídia: enquanto o jornal O Dia situa a confusão na madrugada de sexta-feira, 12 de setembro de 2025, outra reportagem menciona que o sangramento teria começado na madrugada de quinta (11). Em comum, as publicações apontam que o afastamento da profissional foi determinado e que a prefeitura abriu procedimento formal para esclarecer responsabilidades.
Especialistas em direito da saúde ouvidos pela imprensa lembram que UPAs devem prestar o primeiro atendimento em casos de urgência, inclusive com gestantes — estabilizando o quadro, prestando os cuidados imediatos e, quando necessário, regulando a transferência para maternidades ou hospitais com estrutura obstétrica. Partos eletivos e pré-natal não são atribuições de UPA, mas hemorragia, dor intensa ou sinais de aborto em curso exigem acolhimento e assistência inicial.
A comoção também reacendeu o debate sobre fluxos de acolhimento e triagem no pronto atendimento e sobre a necessidade de registrar adequadamente casos de possível recusa de assistência. Em uma das reportagens, o marido afirma que moradores do bairro intervieram para que a gestante fosse levada a uma maternidade, e que o governo estadual — responsável por uma unidade hospitalar próxima — foi acionado, sem retorno até a última atualização. As versões oficiais e as imagens internas da UPA devem orientar os próximos passos da investigação municipal.
O que observar daqui para frente: a sindicância aberta pela prefeitura pode resultar em medidas administrativas, que vão de advertência a desligamento, dependendo do que for comprovado. O município também indicou que avaliará os protocolos da unidade. Paralelamente, o caso deve seguir repercutindo nas redes e em novos desdobramentos jornalísticos — inclusive eventuais manifestações do Conselho Regional de Medicina ou do Ministério Público, se acionados. Até o momento, o que há de concreto é o afastamento da profissional, a investigação em curso e o registro em vídeo que deu origem à denúncia.
Serviço e orientação ao leitor: em situações de urgência obstétrica (sangramento, dor intensa, perda de líquido, desmaios), o recomendado é buscar atendimento imediato na unidade de pronto atendimento mais próxima ou acionar o SAMU 192. Caso presencie negativa de assistência, registre nomes, horários e, se possível, protocolos — e formalize queixa junto à ouvidoria municipal/estadual de saúde. Essas medidas ajudam a proteger a paciente e a responsabilizar eventuais falhas no processo de acolhimento.