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“Traiu Bolsonaro? Trump dá abraço em Lula, o elogia na ONU, e deixa todos em choque”

14 horas atrás

O clima na Assembleia Geral da ONU ganhou contornos inesperados nesta terça-feira (23), quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu ao dirigir elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diante de líderes mundiais, Trump destacou a “excelente química” que teve com o brasileiro durante um breve encontro nos corredores da sede das Nações Unidas, em Nova York. O gesto chamou a atenção não apenas pelo tom amistoso, mas também pelo contraste com as recentes tensões diplomáticas entre os dois países, acirradas após a imposição de tarifas de 50% a diversos produtos brasileiros.

Durante seu discurso, Trump afirmou que se reunirá com Lula já na próxima semana para tratar das medidas retaliatórias contra o Brasil, adotadas após o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em sua fala, o republicano não poupou críticas à ONU — que, segundo ele, “não está nem perto de seu potencial” — e, ao mesmo tempo, exaltou a sua própria gestão nos Estados Unidos. No entanto, foi a menção ao presidente brasileiro que dominou as atenções da plateia internacional. “Ele parece um cara muito agradável, e tivemos uma ótima química em apenas 39 segundos de conversa”, declarou Trump em tom descontraído, arrancando reações variadas no plenário.

O comentário sobre simpatia pessoal pode soar trivial, mas tem peso estratégico no atual cenário político. A relação entre Washington e Brasília atravessa um dos momentos mais delicados dos últimos anos, desde que a Casa Branca decidiu endurecer as barreiras comerciais contra produtos brasileiros em resposta ao que Trump classificou como interferências nas liberdades de cidadãos norte-americanos. Segundo o presidente, o Brasil estaria promovendo censura, repressão e até “corrupção judicial” — acusações que ecoaram críticas já feitas internamente contra o Judiciário brasileiro durante o processo que condenou Bolsonaro.

A reunião entre Trump e Lula, marcada para a próxima semana, será a primeira conversa direta entre os dois desde o início da crise comercial. A expectativa é que o encontro seja um divisor de águas para definir se a relação bilateral seguirá no caminho da escalada de tensões ou se haverá espaço para uma reaproximação. Trump, ainda que crítico, sinalizou estar disposto ao diálogo. “Eu só faço negócio com pessoas de quem gosto. E Lula pareceu alguém de quem eu gostei”, afirmou, reforçando sua estratégia de personalizar acordos diplomáticos com base em relações pessoais.

A crise atual remonta a julho, quando Trump anunciou a aplicação de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras. A decisão foi justificada como resposta ao que ele chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro, então investigado e julgado no Brasil. Embora as tarifas tenham entrado em vigor no início de agosto, a Casa Branca decidiu poupar quase 700 itens da taxação, entre eles suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados metais. Mesmo assim, setores importantes da economia brasileira foram diretamente afetados, gerando forte pressão sobre o governo Lula.

Ao mesmo tempo em que endureceu no campo comercial, Trump vinha dando sinais contraditórios sobre sua disposição de dialogar. Em julho, logo após a imposição das tarifas, disse que “não era o momento” de falar com Lula. Já em agosto, ao ser questionado por jornalistas, afirmou que o presidente brasileiro poderia “falar comigo quando quiser”. Agora, com o encontro confirmado, a expectativa é que ambos tentem encontrar uma saída política para uma crise que ameaça desgastar não apenas as relações comerciais, mas também a imagem internacional de seus governos.

Para analistas de política externa, o discurso de Trump na ONU revela uma combinação de pressão e pragmatismo. Se, por um lado, o republicano mantém o discurso duro contra instituições brasileiras e não esconde seu apoio a Bolsonaro, por outro, abre espaço para negociações com Lula, reconhecendo o peso estratégico do Brasil no cenário internacional. A aproximação, ainda incerta, pode definir os rumos da parceria entre os dois maiores países do continente americano e será acompanhada de perto não apenas por empresários e diplomatas, mas também por uma opinião pública dividida entre a expectativa de cooperação e o receio de novos conflitos.


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