Durante uma participação emocionante no programa “Edição das 18h”, comandado por Natuza Nery, a repórter da Globo Bette Lucchese abriu o coração ao relembrar um dos momentos mais tristes de sua vida: o assassinato do marido, morto a tiros de fuzil em plena luz do dia, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Acostumada a cobrir os episódios de violência que assolam o estado há décadas, Bette, que é referência na cobertura de segurança pública, falou sobre a dor de viver pessoalmente aquilo que sempre relatou nas telas. O caso aconteceu em outubro de 2023, no bairro de Irajá, e chocou colegas de profissão e telespectadores. O marido da jornalista, Silvio Santos Gonçalves, era comerciante e suplente de vereador, conhecido na região pelo trabalho comunitário.
Em meio à entrevista, a repórter relembrou que, ironicamente, sempre esteve na linha de frente das coberturas sobre tiroteios, operações policiais e confrontos entre facções. “A gente se acostuma a ouvir o som dos tiros, mas nunca está preparado para quando eles acertam alguém da sua família”, desabafou, com a voz embargada.
Na época do crime, Bette trabalhava intensamente na GloboNews, cobrindo uma sequência de operações de grande porte no Rio — incluindo a megaoperação contra o Comando Vermelho que ganhou destaque nacional por sua dimensão e pela alta letalidade. “Eu sempre estive lá, contando as histórias de quem perdeu alguém. Nunca imaginei que um dia seria a minha”, comentou a repórter.
O assassinato de Silvio ganhou ampla repercussão na imprensa e acendeu mais uma vez o debate sobre a escalada da violência urbana no estado. Dados recentes do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ) mostram que, só em 2024, o número de mortes violentas no Rio cresceu cerca de 18% em comparação ao ano anterior — um aumento que preocupa especialistas e moradores.
Com mais de 25 anos de carreira, Bette Lucchese começou sua trajetória em uma afiliada da Globo ainda nos anos 1990. Desde então, se tornou uma das jornalistas mais respeitadas da área policial, conhecida pela cobertura humanizada e pela sensibilidade ao tratar de casos que envolvem comunidades, vítimas e agentes de segurança.
Em 2014, foi reconhecida com o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo, ao lado do produtor Mahomed Saigg, pelo trabalho sobre o Caso Amarildo, o pedreiro desaparecido na Rocinha em circunstâncias que escancararam os abusos cometidos dentro das forças policiais.
Durante o bate-papo com Natuza Nery, Bette refletiu sobre o impacto emocional que o jornalismo policial causa em quem o faz diariamente. “Cobrir violência é viver com o coração apertado. Mas quando a violência te alcança, tudo muda. Você passa a olhar para cada caso com mais empatia, mais dor e mais revolta”, afirmou.
A recente megaoperação no Rio, que deixou dezenas de mortos entre civis e policiais, foi lembrada por Bette como mais um retrato do caos que se instalou na segurança pública do estado. Para ela, o desafio é encontrar um equilíbrio entre o enfrentamento ao crime e a preservação da vida.
“Eu acredito no poder da informação, mas também acredito que precisamos mudar a forma como combatemos essa guerra diária. O Rio não pode ser um campo de batalha permanente”, concluiu. Uma fala que ecoa o sentimento de milhares de famílias que, assim como ela, convivem com a dor da perda e a esperança de dias mais seguros.





















Jovem de 20 anos é morta a tiros durante assalto em São Paulo
Vítima de acidente na BR-174 era jogador de futebol amador em Boa Vista
Avião perde a altitude antes de cair em fazenda no Tocantins e deixar dois mortos
Ponta-grossense de 15 anos morre em acidente nos EUA e família pede ajuda para traslado ao Brasil
Corpo encontrado em Rio no Paraná é de Cristina de Paula, mulher estava desaparecida há sete dias
‘Coração bom’: pescador encontrado morto em rio estava há 3 dias desaparecido em SC