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Lula fala a primeira vez oque disse a Trump sobre Bolsonaro

6 horas atrás

Durante sua passagem por Kuala Lumpur, na Malásia, nesta segunda-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a demonstrar que pretende deixar o passado definitivamente para trás. Em tom direto e simbólico, o petista afirmou que Jair Bolsonaro “faz parte do passado da política brasileira” e encerrou a fala com uma frase que já virou manchete: “Rei morto, é rei posto.”

A declaração veio após Lula ser questionado sobre as menções elogiosas feitas por Donald Trump ao ex-presidente brasileiro durante o recente encontro entre os dois líderes. Sem rodeios, o atual presidente quis deixar claro que o tempo de Bolsonaro acabou — e que o foco agora é reposicionar o Brasil no cenário internacional. “Eu disse para ele [Trump] que o julgamento foi muito sério, com provas contundentes”, explicou, referindo-se às condenações dos aliados do ex-mandatário pelos ataques de 8 de janeiro. “Eles foram julgados com direito de defesa, que eu não tive quando fui processado.”

Lula ainda destacou que o presidente norte-americano “compreendeu a gravidade do que ocorreu” no Brasil. Segundo ele, o diálogo foi franco e sem constrangimentos. “Disse para ele que tentaram matar a mim, o meu vice-presidente e o ministro Alexandre de Moraes. E ele sabe da seriedade disso”, afirmou. Com um leve sorriso, completou: “O Bolsonaro era nada praticamente. Era. Eu não converso em tom pessoal, converso em tom político, de interesse do meu país.”

Fontes próximas ao Planalto afirmam que o encontro com Trump foi mais amistoso do que se esperava. Lula, que já foi crítico ferrenho do republicano, disse ter sentido “muita sinceridade” no diálogo e se mostrou confiante em uma aproximação concreta entre as duas nações. “Estou convencido de que, em poucos dias, teremos uma solução definitiva entre Estados Unidos e Brasil”, declarou.

O presidente brasileiro entregou a Trump um documento com uma série de reivindicações — entre elas, o fim das tarifas sobre produtos nacionais e a retirada de punições a autoridades brasileiras. Segundo assessores, o gesto foi interpretado como um sinal de que Lula quer abrir uma nova página nas relações com Washington, agora sob bases mais pragmáticas.

Apesar das diferenças ideológicas evidentes, Lula demonstrou respeito ao republicano. “Eu respeito porque ele foi eleito pelo voto democrático do povo americano, e ele me respeita porque fui eleito pelo povo brasileiro”, disse. “Quando dois chefes de Estado colocam isso na mesa, tudo fica mais fácil.”

Durante a entrevista, o petista fez questão de ressaltar seu estilo de negociação, construído ao longo de décadas. “Aprendi a negociar antes mesmo de ser presidente. Sei quando ceder e sei quando não ceder. Se depender do Trump e de mim, vai ter acordo.”

No fim, Lula voltou a tocar no tema que mais gosta de reforçar: o futuro. “O Bolsonaro faz parte do passado. O Brasil precisa olhar para frente. Eu quero construir o futuro deste país, e não ficar preso a quem tentou destruí-lo.”

A frase “rei morto, rei posto”, dita num tom quase despreocupado, acabou resumindo o espírito da viagem e da nova fase política do presidente. Lula quer mostrar ao mundo — e aos brasileiros — que o ciclo de confrontos e divisões está chegando ao fim. Agora, a palavra de ordem é reconstrução, diálogo e protagonismo. E, ao que parece, o petista está determinado a ser o único rei em jogo.
 


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