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Olha só o que a Janja disse sobre a Michelle

40 segundos atrás

A cena política brasileira ganhou mais um capítulo de tensão entre governo e oposição após a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, lançar uma indireta à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro durante um evento em Manaus, ligado à preparação para a COP30. A declaração, feita na última quinta-feira (20), repercutiu nas redes sociais e na imprensa, evidenciando a escalada de embates verbais que têm marcado os discursos das duas mulheres mais visíveis do cenário político recente. O episódio aconteceu poucos dias depois de Michelle chamar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “mentiroso, cachaceiro e irresponsável”, em um ato do PL Mulher no sábado (16).

No evento na capital amazonense, organizado pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, o deputado federal Airton Faleiro (PT-PA) elogiava a atuação de Janja, destacando sua capacidade de mobilizar mulheres e dialogar com diferentes setores da sociedade. Foi nesse contexto que a primeira-dama, em tom descontraído mas carregado de significado, interrompeu a fala do parlamentar para dizer: “E não xingo o marido de ninguém”. A frase foi interpretada como uma resposta direta às críticas feitas por Michelle Bolsonaro dias antes, o que arrancou aplausos da plateia e rapidamente ganhou destaque no noticiário.

O comentário de Janja soou como uma tentativa de marcar posição diante dos ataques da ex-primeira-dama. No sábado anterior, durante encontro do PL Mulher — organização presidida por Michelle —, ela havia direcionado duras palavras contra Lula, acusando-o de prejudicar a economia brasileira em negociações internacionais e de manchar a imagem do país. “Foi oferecer jabuticaba para o Trump, agora estamos colhendo abacaxis”, ironizou, em referência a um vídeo em que Lula ofereceu a fruta brasileira ao ex-presidente norte-americano Donald Trump. Para Michelle, atitudes como essa teriam influenciado nas recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos nacionais, de forma que, segundo ela, a “culpa” recaia sobre a família Bolsonaro.

A ex-primeira-dama elevou o tom ao classificar Lula de “pai da pobreza que está trazendo as pessoas para a miséria” e usou termos depreciativos como “mentiroso, cachaceiro, pinguço e irresponsável”. O discurso foi aplaudido por apoiadores do PL e se encaixa na estratégia da legenda de fortalecer a imagem de Michelle como liderança feminina de oposição, especialmente entre o eleitorado evangélico, onde ela exerce forte influência. Ao responder, ainda que de maneira indireta, Janja mostrou que não pretende deixar ataques pessoais sem resposta, reforçando sua própria atuação no campo político.

Nos bastidores, a fala da primeira-dama foi vista como parte de uma disputa que vai além de trocas de farpas: simboliza o protagonismo crescente das duas mulheres na arena pública. Enquanto Michelle consolida seu papel de liderança no PL Mulher e aparece como possível candidata em futuros pleitos, Janja amplia sua presença em agendas oficiais, participando de encontros com mulheres em diferentes estados. Na semana passada, esteve em Salvador em diálogo com mulheres evangélicas e visitou, ao lado da ministra Anielle Franco, um terreiro de candomblé para debater políticas de inclusão e igualdade racial.

A postura ativa de Janja vem sendo exaltada por aliados do governo. O deputado Airton Faleiro destacou, durante o evento em Manaus, que ela representa “uma primeira-dama que faz política” e que sua atuação, ao lado de Lula, se diferencia por “promover a política do bem e da verdade, não da fake news”. O reconhecimento público reforça a estratégia do Planalto de colocar Janja como figura de diálogo e aproximação com a sociedade civil, em especial no contexto da COP30, conferência do clima que será realizada em Belém em 2025 e que já mobiliza preparativos em toda a Amazônia.

Apesar do tom aparentemente leve de sua declaração, o gesto de Janja não passou despercebido e foi interpretado como um recado claro para Michelle Bolsonaro: a primeira-dama não pretende adotar a mesma linha de ataques pessoais, mas também não ficará em silêncio diante de provocações. O embate entre as duas simboliza uma disputa de narrativas que espelha a polarização política do país. De um lado, Michelle se consolida como voz da oposição conservadora e religiosa; de outro, Janja emerge como símbolo de um governo que busca se afirmar no diálogo com mulheres, movimentos sociais e agendas progressistas.

Com a proximidade das eleições municipais de 2024 e a constante movimentação para as presidenciais de 2026, é provável que episódios como esse se repitam, intensificando o protagonismo feminino no tabuleiro político. Mais do que simples trocas de frases, as falas de Janja e Michelle refletem estratégias bem calculadas de fortalecimento de suas imagens e da influência que podem exercer nos rumos da política nacional.


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