A brutalidade por trás da morte dos quatro homens desaparecidos em Icaraíma, no interior do Paraná, veio à tona com a divulgação dos laudos oficiais, nesta quinta-feira (25). O documento confirmou que três das vítimas foram executadas de forma violenta, com indícios de sofrimento extremo antes do óbito. As famílias, que já conviviam com a dor da perda, agora enfrentam a dura realidade de que seus entes queridos podem ter sido submetidos a tortura. A investigação, conduzida pela Polícia Civil, ainda corre em sigilo, mas os detalhes levantados até o momento reforçam a complexidade e a crueldade do crime.
Os atestados de óbito, obtidos pelo portal UOL, apontam que Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi e Diego Henrique Afonso tiveram como causas da morte traumatismo cranioencefálico, politraumatismo e ferimentos provocados por arma de fogo. Esses elementos reforçam a tese de violência extrema e geraram comoção não apenas entre familiares, mas também na comunidade local. A advogada que representa as famílias, Josiane Monteiro Bichet, declarou acreditar que as vítimas foram submetidas a intenso sofrimento físico antes de serem executadas. “Nós já sabíamos da alta periculosidade dos suspeitos, mas não imaginávamos tamanha crueldade”, afirmou.
A revelação dá novos contornos ao caso, que já mobilizava a atenção nacional desde a descoberta dos corpos, no último dia 19 de setembro. Eles foram encontrados enterrados em uma área de mata, após um dia inteiro de buscas e escavações, que só ocorreram graças a informações repassadas de forma anônima. O estado de decomposição avançada dos cadáveres havia dificultado as primeiras análises, como já havia alertado o delegado responsável pelo inquérito, Gabriel Menezes. Com os laudos mais detalhados, ganha força a hipótese de que os homens tenham sido não apenas mortos, mas também torturados.
A investigação sobre o caso começou dias antes, quando a polícia encontrou o carro das vítimas, uma caminhonete Fiat Toro, escondido em um bunker na região. O veículo estava crivado de tiros e apresentava manchas de sangue, evidências que reforçavam a violência do episódio. Esse achado foi o ponto de partida para localizar os corpos, enterrados em uma cova improvisada no meio da mata. A cena chocou agentes de segurança e moradores, que acompanham apreensivos cada nova atualização sobre o crime.
Apontados como principais suspeitos, os fazendeiros Antônio Buscariollo e seu filho, Paulo Ricardo Buscariollo, seguem foragidos desde agosto. Ambos já eram conhecidos pela polícia, e sua captura é considerada prioridade pelas autoridades paranaenses. Apesar das buscas intensas, que envolvem diferentes forças de segurança, a dupla ainda não foi localizada. O silêncio da Polícia Civil quanto à possível prática de tortura tem como justificativa o sigilo das investigações, mas especialistas em segurança afirmam que a gravidade do caso exige rápida elucidação para evitar novas vítimas.
Enquanto isso, as famílias das vítimas vivem dias de angústia. Além de lidar com a perda, elas acompanham as buscas pelos suspeitos e exigem justiça. A advogada Josiane Monteiro Bichet tem reforçado a cobrança pública para que as autoridades intensifiquem os esforços de captura e garantam que os responsáveis sejam levados a julgamento. “Não podemos permitir que crimes dessa natureza fiquem impunes. Essas famílias merecem respostas e a sociedade precisa de segurança”, declarou.
O caso de Icaraíma escancara não apenas a violência praticada contra as quatro vítimas, mas também a vulnerabilidade de comunidades interioranas frente a crimes cometidos por grupos organizados e armados. A expectativa é de que a conclusão do inquérito traga clareza sobre as circunstâncias da morte e o possível envolvimento de outras pessoas além dos dois suspeitos foragidos. Até lá, cresce o clamor por justiça e pela prisão dos acusados, em um episódio que já se inscreve entre os mais impactantes do ano no Paraná.