O remake de Vale Tudo, exibido atualmente pela TV Globo, continua cumprindo sua promessa de entregar ao público doses generosas de suspense, emoção e reviravoltas. No capítulo desta terça-feira, 23 de setembro, os telespectadores acompanharam mais uma demonstração do quanto a trama criada por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères permanece atual ao retratar a luta pelo poder, as fragilidades humanas e os efeitos devastadores da ambição desmedida.
Entre os destaques do episódio, a personagem Odete Roitman, vivida com intensidade por Débora Bloch, mais uma vez mostrou que não mede esforços para eliminar seus rivais. Após um curto período de trégua com Marco Aurélio, interpretado por Alexandre Nero, a empresária decidiu colocar em prática um plano cruel: adulterar os medicamentos usados por ele para controlar dores. A intenção era clara — enfraquecer o inimigo e retomar o controle das situações à sua maneira.
Contudo, em mais uma reviravolta típica das novelas de grande sucesso, o plano de Odete não sai como esperado. O remédio adulterado acaba sendo ingerido por César, personagem de Cauã Reymond, marido da vilã. O resultado promete causar grande impacto não apenas na relação do casal, mas também em todo o enredo, que se sustenta justamente nos efeitos em cadeia provocados por cada ação impensada dos personagens. Ao tentar manipular o destino de Marco Aurélio, Odete coloca em risco a vida de quem mais deveria proteger.
A cena confirma o estilo narrativo de Vale Tudo, onde os dilemas morais, as contradições e as consequências inesperadas são sempre explorados. Esse acidente abre espaço para novos embates e levanta questionamentos sobre até que ponto Odete conseguirá sustentar sua máscara de frieza diante da possibilidade de perder César. Será que o amor que ela declara sentir resistirá à culpa? Ou o poder falará mais alto, mantendo sua postura calculista?
Enquanto esse núcleo central se agita, outro fio narrativo segue envolvendo o público: Raquel, interpretada por Taís Araújo, enfrenta o desafio de se pronunciar publicamente após a repercussão de um vídeo divulgado por Maria de Fátima (Bella Campos). Na gravação, a jovem pede perdão à mãe e admite sentir sua falta, o que rapidamente gera comoção nas redes sociais. Pressionada, Raquel precisará escolher entre preservar sua intimidade ou se posicionar diante da opinião pública, evidenciando como a novela também dialoga com temas atuais, como a exposição digital e o julgamento coletivo.
Paralelamente, Cecília (Maeve Jinkings) e Laís (Lorena Lima) terão suas vidas abaladas pela chegada de Luiz, interpretado por Guto Galvão, que se apresenta como pai biológico de Sarita (Luara Telles). Essa revelação inesperada promete colocar em xeque os vínculos familiares já estabelecidos e acrescenta uma camada de emoção ao enredo, explorando a questão da identidade e dos laços afetivos.
Esses diferentes núcleos, que se entrelaçam em um tecido narrativo rico e dinâmico, reafirmam a habilidade da novela em equilibrar conflitos pessoais e coletivos. A disputa por poder, a complexidade dos relacionamentos familiares e a influência das redes sociais sobre a vida privada são temas que mantêm a obra viva, mesmo décadas após sua primeira exibição.
O capítulo de 23 de setembro reforça ainda a atualidade de Vale Tudo. O jogo de interesses entre Odete e Marco Aurélio ecoa disputas corporativas reais; a exposição de Raquel lembra dilemas de figuras públicas no mundo conectado de hoje; e a busca de Sarita por sua origem reflete uma questão universal de pertencimento.
Assim, a novela continua não apenas a entreter, mas também a provocar reflexões sobre ética, lealdade e escolhas. Odete, em sua tentativa de envenenar Marco Aurélio, acabou provocando uma tragédia pessoal — um lembrete poderoso de que a manipulação e a sede de poder quase sempre cobram seu preço.
Com essa sucessão de eventos, Vale Tudo reafirma sua posição como uma das tramas mais emblemáticas da teledramaturgia brasileira, capaz de manter o público preso diante da tela, ávido por descobrir qual será o próximo passo de personagens tão humanos em suas falhas quanto grandiosos em suas ambições.