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Jovem encara leucemia, descobre câncer do pai e perde marido assassinado

Catarine Barreto enfrentou a leucemia e descobriu que seu pai também lutava contra o câncer. Conheça a emocionante história de superação! Leia mais!

7 horas atrás

Dois meses após ser diagnosticada com leucemia, a atriz baiana Catarine Barreto, de 32 anos, recebeu a notícia de que seu pai também estava enfrentando a luta contra o câncer, sendo diagnosticado com linfoma não Hodgkin (LNH).

Em tributo à trajetória de superação de seu pai, a jovem compartilhou um vídeo nas redes sociais que alcançou mais de 1 milhão de visualizações. Ela afirmou que a repercussão foi surpreendente, mas o apoio do público proporcionou conforto após os desafios que enfrentaram.

Em entrevista ao Terra, a jovem, natural de Salvador, Bahia, relata que sempre levou uma vida ativa, com uma rotina e alimentação disciplinadas. Ela costumava correr na praia, participar de treinos intensos na academia e se mostrar entusiasmada durante suas apresentações no palco.

Eu nunca tive nenhum sintoma. Normalmente, os sinais da leucemia incluem cansaço e fraqueza, mas eu não apresentava nada disso. Fazia exames de rotina, especialmente com o ginecologista, todos os anos”, recorda.

Em agosto de 2024, uma das baterias apresentou uma alteração. O laboratório notificou que as plaquetas estavam em níveis muito baixos e solicitou a repetição do exame de sangue, seguindo um protocolo padrão para essas situações.

Inicialmente, não me preocupei, pois não sabia o que eram plaquetas. Fui refazer o exame e, em seguida, fui à praia e corri sob o sol do meio-dia, sem me sentir cansada. Minha vida seguia normalmente. Depois, recebi uma ligação informando que minhas plaquetas estavam baixas e me recomendaram que procurasse um hematologista, sugerindo que fosse a uma emergência.

Ao chegar em casa e se preparar para ir ao hospital, ela começou a examinar seu corpo e notou pequenas manchas roxas, semelhantes às que aparecem após um impacto, algo que não havia percebido antes. Apesar de não doer ao toque, a situação a deixou preocupada, levando-a a pesquisar no Google sobre plaquetas baixas, o que aumentou sua apreensão.

Na emergência, a médica de plantão considerou a possibilidade de que os sintomas de Catarine fossem indicativos de Púrpura Trombocitopênica Imune (PTI), uma doença autoimune que afeta as plaquetas e eleva o risco de hemorragias, uma vez que essa era a única alteração identificada nos exames. Ao questionar sobre a condição, Catarine foi informada de que se tratava de uma enfermidade tratável, mas que ela não poderia receber alta naquele momento, devido à gravidade do quadro.

Catarine relata que levou uma mochila para o trabalho, acreditando que receberia um medicamento para aumentar suas plaquetas e poderia voltar para casa. No entanto, acabou internada por 50 dias.

Para confirmar a PTI, a paciente recebeu um tratamento inicial de quatro dias com corticoides, destinado a aumentar a contagem de plaquetas, mas não obteve resposta positiva. A partir desse ponto, iniciou-se um extenso processo de investigação para determinar o diagnóstico adequado. A confirmação foi realizada por meio de um mielograma, exame que identifica doenças na medula óssea.

A jovem relata que estava ao lado de sua mãe, que ainda estava internada, quando uma médica se aproximou. “Eu tenho um apagão desse dia. Lembro apenas da médica dizendo ‘viva o luto da notícia’ e ‘câncer no sangue’. Essas foram as únicas palavras que consegui registrar”, conta.

Catarine relatou que ficou em estado de choque e sua primeira reação foi tentar confortar a mãe. “Minha preocupação era acalentar minha mãe e eu ainda não havia processado a situação naquele dia, pois não chorei”, explicou.

Comecei a me preocupar de verdade quando minha família começou a ligar em desespero e meus amigos enviaram mensagens. Recebi ligações de dois familiares chorando, e me perguntei: ‘O que está acontecendo? As pessoas estão se despedindo de mim?’. Nesse momento, senti medo, acreditando que poderia morrer”, relatou.

Após o diagnóstico, o tratamento de Catarine iniciou com quimioterapia, uso de medicações e suporte psicológico. Durante os primeiros 50 dias de internação, ela percebeu a manifestação de sintomas que não havia sentido anteriormente, no período de descoberta da doença.

“O tratamento da leucemia é bastante intenso e desafiador, exigindo internação, pois o paciente não consegue realizar o tratamento em casa devido ao seu estado debilitado. Embora o objetivo seja eliminar as células cancerígenas, as células saudáveis também são afetadas, resultando em condições como neutropenia e anemia, além de extremo cansaço. Eu me recordo de ter dificuldades para andar, desmaiei várias vezes e sofri com dores no estômago, cabeça e corpo”, relata a atriz.

Catarine passou por um ciclo de quimioterapia e dois de imunoterapia, e após esse tratamento, conseguiu retornar para casa pela primeira vez. Ao lado de seu pai, Urandi Sousa de Andrade, ela recebeu sua mãe, que trouxe um envelope com os resultados dos exames realizados durante a internação da filha.

A jovem recorda que, antes de fazer qualquer pergunta, a mulher mais velha revelou que o diagnóstico indicava um linfoma não-Hodgkin (LNH), um tipo de câncer que afeta o sistema linfático e se dissemina de maneira irregular.

Ele apresentou alguns caroços pelo corpo, que estavam sendo investigados. Os médicos mencionaram a possibilidade de serem nódulos de gordura, por isso, nem eu nem ninguém imaginava que poderia ser câncer. Fiquei surpresa”, relata.

Após a confirmação do diagnóstico, Urandi começou o tratamento, que se estendeu por aproximadamente seis meses. Ao contrário de sua filha, o tipo de câncer que ele enfrentou não necessitou de internação, e a quimioterapia foi realizada em regime ambulatorial.

Catarine relata que não pôde acompanhar o tratamento do pai, pois estava internada se tratando ao mesmo tempo. Sua mãe a acompanhava, enquanto ele estava com suas irmãs. Ela lembra de uma frase que ele disse ao receber a notícia: “Eu nem tô preocupado comigo, eu tô mais preocupado com ela”, o que a marcou profundamente.

O dia mais desafiador que já enfrentei

Catarine Barreto relata que recebeu apoio constante da família durante sua internação. O marido e os parentes mobilizaram campanhas de doação de sangue e se revezaram para acompanhá-la no hospital. Contudo, pouco mais de um mês após o diagnóstico do pai e ao iniciar o segundo ciclo de tratamento, a atriz enfrentou um novo desafio.

No final de novembro daquele ano, a psicóloga do hospital visitou Catarine em seu quarto. A paciente relata que, embora as visitas da profissional fossem programadas para os dias de semana, não achou estranho. Em seguida, uma de suas tias chegou.

No nosso tratamento, não temos direito a visitas, pois a imunidade fica bastante baixa, o que aumenta o risco de infecções. O acompanhante fixo, que era minha mãe, permanecia ao meu lado. Por isso, quando minha tia entrou, fiquei preocupada”, relembra.

A tia foi comunicar que o marido de Catarine foi assassinado em um assalto à mão armada enquanto retornava do trabalho. “Esse foi o pior dia da minha vida. O pior dia de todos. Jamais esperaria uma notícia dessas no meio do meu tratamento”, desabafa.

“Esse foi um segundo marco no meu tratamento, pois passei a enfrentá-lo sem meu marido, que faleceu de maneira repentina. Minha mente ficou confusa. Sinceramente, não sei como consegui lidar com tudo isso; parece que uma força misteriosa me ajudou a suportar”, afirma Catarine.

Nesse período, a jovem foi informada da necessidade de um transplante de medula óssea para aumentar suas chances de cura. Apesar da urgência, ela enfrentou dificuldades para conseguir a autorização do procedimento. “Tive que recorrer à mídia e postar no meu Instagram pedindo ajuda, pois precisava muito do transplante e estava enfrentando essa demora”, afirmou.

A mobilização nas redes sociais e a concessão de uma liminar judicial possibilitaram a realização do procedimento. A doadora foi a irmã mais nova de Catarine, que passou por mais de 45 dias internada para monitoramento, além de sessões de quimioterapia e radioterapia. No final do tratamento, o resultado foi positivo.

Seis meses após o transplante, a atriz continua em casa sob orientação médica para prevenir infecções. Seu pai, que também está em acompanhamento, se encontra praticamente recuperado da doença. “Graças a Deus, agora estamos fora da zona de perigo”, afirmou.

Catarine compartilha que, após sua experiência, deseja valorizar mais o presente e a convivência com a família. “Vivi tantas coisas neste último ano que, antes do diagnóstico, parece uma vida completamente diferente. Agora, começo a pensar no futuro, mas, por um tempo, todos os meus sonhos pareciam ter desaparecido. A vida se tornou o agora. Estou aqui. Quando você enfrenta a possibilidade da morte, o futuro parece incerto”, refletiu.

Após receber o diagnóstico, senti como se tudo ao meu redor não me pertencesse. Tinha muitos sonhos e fazia planos para o futuro, o que me impedia de aproveitar o presente. Hoje, percebo que a felicidade reside em pequenos momentos. Após passar tanto tempo internada e sem a possibilidade de tomar um banho adequado, quando finalmente cheguei em casa e usei o chuveiro, experimentei uma alegria imensa. Mesmo atos simples, como sentar no vaso sanitário, tornaram-se significativos. No fim, o que realmente importa é a conexão com as pessoas e saber que sou valorizada por algumas delas”, afirmou.


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