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Homem tira a vida da mulher com 100 golpes de faca na Paraíba, motivo vem a tona

2 dias atrás

Uma tarde marcada pela violência chocou moradores do bairro Valentina de Figueiredo, em João Pessoa, nesta sexta-feira (19). O feminicídio de Micilene Gomes de Souza, de 26 anos, assassinada com mais de 100 golpes de faca, trouxe à tona a dura realidade da escalada de crimes contra mulheres na Paraíba e expôs, mais uma vez, a vulnerabilidade de vítimas que tentam reconstruir suas vidas após o fim de um relacionamento abusivo. O caso, além de sua brutalidade, ganha contornos ainda mais dramáticos por ter ocorrido diante dos dois filhos pequenos da vítima, que assistiram à cena de horror.

De acordo com a Polícia Civil, o principal suspeito do crime é o ex-companheiro de Micilene, identificado como Lucas Farias dos Santos, de 28 anos. O casal havia se separado há cerca de um mês, e desde então, segundo relatos de vizinhos, Micilene vinha tentando se reerguer e oferecer estabilidade aos filhos. A separação, no entanto, não teria sido aceita por Lucas, que já havia apresentado comportamentos agressivos e ameaçadores. A violência culminou na execução brutal da jovem, que, de acordo com o laudo preliminar do Instituto de Polícia Científica (IPC), foi atacada com mais de uma centena de facadas, principalmente na região do tórax e do pescoço.

O crime ocorreu dentro da residência da vítima, em plena luz do dia, o que surpreendeu até mesmo os policiais que atenderam à ocorrência. Testemunhas relatam ter ouvido gritos de desespero, seguidos pelo silêncio abrupto após a ação criminosa. A cena encontrada pela perícia foi descrita como “devastadora”. Além do corpo de Micilene, marcado pela violência extrema, estavam no local seus dois filhos, uma menina de cinco anos e um menino de três, que presenciaram toda a ação sem qualquer possibilidade de defesa ou proteção. O trauma psicológico das crianças é agora uma das maiores preocupações da rede de assistência social.

Após cometer o feminicídio, Lucas fugiu do local e permanece foragido. A Polícia Civil montou uma força-tarefa para localizar o suspeito e conta com o apoio da população por meio de denúncias anônimas. Delegados envolvidos no caso afirmaram que o histórico do acusado já apontava sinais de desequilíbrio e possessividade, características comuns em agressores que não aceitam o fim de relacionamentos. “Estamos diante de um crime de extrema gravidade, não apenas pela forma brutal como foi praticado, mas também pelo impacto direto em duas crianças inocentes, que serão marcadas por essa violência pelo resto da vida”, destacou um dos investigadores.

A morte de Micilene reacende o debate sobre a eficácia das políticas públicas de proteção às mulheres na Paraíba. Organizações que atuam no combate à violência de gênero lamentaram o crime e reforçaram a necessidade de maior agilidade na concessão de medidas protetivas. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada sete horas uma mulher é vítima de feminicídio no país. O caso de João Pessoa ilustra com clareza como a falta de proteção imediata pode resultar em tragédias irreparáveis. Muitas vezes, as vítimas já sinalizam o perigo iminente, mas esbarram em uma rede de apoio lenta e insuficiente.

Para os moradores do bairro Valentina de Figueiredo, o sentimento é de medo e indignação. “Era uma menina trabalhadora, cuidava dos filhos com tanto carinho. Não merecia um fim desses”, relatou uma vizinha, visivelmente abalada. A comunidade agora busca se mobilizar em torno das crianças, oferecendo apoio psicológico e material, enquanto as autoridades investigam os detalhes do crime e seguem na caça ao acusado. O episódio reforça a urgência de quebrar o ciclo de violência doméstica, que tantas vezes termina em feminicídio.

O corpo de Micilene será sepultado neste sábado (20), em clima de comoção. Amigos e familiares esperam que a justiça seja feita e que Lucas Farias dos Santos seja capturado o quanto antes. Mais do que punir o responsável, o caso levanta um clamor por medidas efetivas de prevenção e proteção às mulheres que sofrem ameaças. Enquanto isso, duas crianças enfrentarão a dura realidade de crescer sem a mãe e com a lembrança de uma violência indescritível. A tragédia em João Pessoa não pode ser esquecida: ela precisa servir como alerta de que o feminicídio é um problema urgente, que exige respostas firmes e imediatas da sociedade e do Estado.


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