A ideia de que “ginecologista tem nojo” de pacientes é puro mito. Quem trabalha com saúde lida, todos os dias, com corpos reais: pelos, odores, menstruação, dúvidas e desconfortos. O que atrapalha a consulta não é o seu corpo; são algumas atitudes que confundem o diagnóstico, atrasam o tratamento ou atravessam limites de convivência. Abaixo, cinco exemplos comuns — e como trocar cada um por uma prática que ajuda.
1) Esconder sintomas por vergonha
Dizer que “tá tudo bem” quando não está faz o médico investigar no escuro. Odor diferente, dor, sangramento após relação, coceira, corrimento — tudo isso orienta hipótese e exame.
Faça assim: leve um bloco no celular com quando começou, intensidade, se piora em algum momento do ciclo e o que você já usou (pomada, chá, comprimido). Quanto mais claro, mais rápido o caminho.
2) “Ajeitar a história” (ou mentir) para não ser julgada
Mudar detalhes sobre vida sexual, uso de proteção ou medicamentos por medo de julgamento só prejudica você. O consultório não é tribunal; é ponto de cuidado.
Faça assim: confie no sigilo médico. Se algo te constrange, diga: “eu me sinto desconfortável falando disso, mas é importante”. O objetivo é montar o quebra-cabeça correto para indicar o tratamento certo.
3) Ir “só uma vez por ano” e achar que basta
Consulta preventiva não é sinônimo de “fazer Papanicolau e sumir”. Há vacinas, rastreios, checagem de sintomas, planejamento reprodutivo e saúde mental que mudam com idade e contexto. Em algumas fases, o retorno pode ser anual; em outras, o intervalo de exames varia.
Faça assim: combine com sua médica(o) uma agenda de prevenção: quando voltar, quais exames valem para você agora e o que pode esperar. O importante é regularidade, não carimbo.
4) Ter vergonha da depilação (ou do “visual” do dia)
Você não precisa depilar, fazer “skincare”, usar perfume íntimo ou “preparar” a vulva para a consulta. Profissionais não avaliam estética; avaliam saúde. Depilação de última hora, aliás, pode causar microferidas e irritação — e até confundir o exame.
Faça assim: venha como você é. Higiene externa normal no banho está ótimo. Se decidir depilar, faça com alguns dias de antecedência para evitar pele irritada no dia da consulta.
5) Flertar ou “testar limites” com o médico
Relação médico-paciente é baseada em confiança e respeito. Cantadas e insinuações rompem a barreira profissional e podem, inclusive, configurar falta ética.
Faça assim: mantenha o foco no cuidado. Se o profissional cruzar limites, você tem direito de interromper a consulta, pedir outra pessoa na sala e registrar reclamação no serviço ou no conselho regional.
Recado final
Você não precisa performar perfeição para ser bem atendida. Transparência + regularidade + limites claros geram consultas mais objetivas, diagnósticos mais rápidos e tratamentos mais eficazes. Seu corpo não é motivo de vergonha; é matéria-prima do cuidado.