A primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, publicou ao menos dois memes entre a noite de quinta (11.set.2025) e a manhã de sexta (12.set.2025), um dia após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Primeira Turma do STF. Os conteúdos apareceram nos stories do Instagram e não traziam referência direta ao julgamento, mas foram interpretados por parte do público como reação implícita ao desfecho da sessão.
Em uma das peças, Janja compartilhou o meme da personagem Nazaré Tedesco, acompanhado da mensagem “Bom dia! Um dia tão lindo”, recurso típico da cultura de redes que usa ironia e leveza para comentar a conjuntura — sem mencionar fatos de forma explícita. A publicação, feita na sexta (12.set), ganhou tração e foi reproduzida por veículos de imprensa.
O pano de fundo é a decisão do STF: por maioria, Bolsonaro foi condenado em 11 de setembro de 2025 a 27 anos e 3 meses por crimes ligados à tentativa de golpe de Estado e outros delitos — marco jurídico e político sem precedentes envolvendo um ex-presidente. A defesa classificou a pena como excessiva e informou que recorrerá. O caso ainda pode ter desdobramentos no próprio Supremo e em cortes internacionais, o que deve manter o tema no centro do debate por semanas.
A escolha de memes como linguagem comunicacional, sobretudo vinda de uma figura pública com largo alcance, alimentou leituras cruzadas: apoiadores do governo viram na estratégia um modo de marcar posição sem escalar a temperatura; críticos apontaram “desdém” em momento que exigiria sobriedade. Esse embate ilustra como a comunicação política digital no Brasil consolidou o humor e a referência pop como ferramentas de enquadramento — com alto poder de engajamento, mas também de polarização.
Do ponto de vista institucional, não há comunicação oficial do Planalto vinculando as postagens ao julgamento, e o perfil da primeira-dama evitou menções textuais ao caso. Na prática, o efeito é o de mensagem indireta: mantém-se a ambiguidade — que reduz custo diplomático — e preserva o espaço para interpretações que falem mais sobre a audiência do que sobre a emissora. Para o governo, a tendência é preservar o discurso de que o julgamento “é assunto do Judiciário” e de que o Executivo segue sua agenda.
O que observar a seguir: (1) novas manifestações de Janja ou de ministros sobre o tema — mesmo que por linguagem simbólica; (2) os recursos da defesa e possíveis pedidos de tutela para reverter pontos da sentença; (3) a repercussão internacional, que já acompanha o caso e pode influenciar a temperatura interna. Para anunciantes e páginas que operam no ecossistema de Facebook/Instagram, a dica é tratar o assunto com contexto e fonte, evitando afirmações categóricas sobre efeitos jurídicos antes da publicação dos acórdãos e da tramitação de embargos.